Neste domingo, a coluna “Orun Ayé”, do compositor Aloisio Villar, faz um balanço de 2012, além de falar sobre a mudança do blog para o novo endereço, a partir da próxima terça feira.
Lembrando aos leitores que o Ouro de Tolo estará no www.pedromigao.com.br. a partir da próxima terça feira.
Retrospectiva 2012
E chegou o fim do ano. Não o fim do mundo: esse foi adiado novamente. Mas o ano de 2012 termina amanhã e, como diz Simone, “o ano termina e nasce outra vez”.
Espero que vocês tenham ido bem de Natal e que igualmente quanto ao ano de 2012. Todos nós, quando chegamos nessa época do ano, costumamos fazer uma reflexão do ano que passou. Muitas vezes culpamos o ano por nossos fracassos, achando que como por encanto virando para 1º de janeiro a vida irá melhorar. Aí teremos outro ano ruim e culparemos o ano seguinte, quando não notamos ou preferimos ignorar que mudança de ano nada mais é que uma mudança no calendário.
A vida só muda se fizermos algo nesse sentido.
Mas a virada de ano, que por si só não representa nada, pode sim servir de estímulo, até porque quando chega o mês de dezembro a chance que alguma coisa mude é pequena – a não ser que se ganhe na Megasena da virada. Mas a sensação que o 1º de janeiro traz é que tem todo um ano pela frente, o que não é mentira: realmente tem, então podemos transformar nossas vidas. 
Em que você precisa transformar? Que balanço faz de seu 2012?
Eu sempre fiz esse balanço na página principal de meu orkut, como o google acabou com ele farei aqui.
2012 está longe de ser o pior ano de minha vida. Tive anos muito piores, como 1995 e 2005. Por coincidência dois anos terminados em cinco: começo a temer por 2015, mas foi um ano frustrante. 
A gente costuma romancear quando passa aos outros como foi nosso dia ou ano: não farei isso. Foi um dos anos mais decepcionantes da minha vida, onde eu esperava muito mais.
Começou com finalmente eu tendo meu nome em um samba da União da Ilha. O sonho de uma vida.
Mas sei lá, não deu o “start”. Emocionei-me sim com o começo do desfile, deixei algumas lágrimas rolarem, mas confesso que foi menos do que sempre esperei. Não sei se foi por causa da junção ou o modo frio como uma escola do grupo especial lhe trata, mas a emoção não veio.
O desfile da escola não ajudou muito. A União da Ilha estava linda, mas fria, espero que isso mude para o carnaval 2013. 
[N.do.E.: desfilei na União da Ilha e concordo com o colunista.]
O carnaval 2013 também trouxe decepções. A disputa da União da Ilha foi decepcionante demais, mas como eu disse em uma coluna anterior, por culpa nossa. Erramos no samba, erramos na parceria e principalmente: cometemos erros que custaram amizades.
Nessa disputa perdi uma amizade muito importante para mim em erro que cometi e vi que nunca uma disputa de samba-enredo pode estar acima de uma amizade. Até porque não será a escola de samba que estará ao seu lado quando precisar, e sim um amigo.
A disputa do Acadêmicos do Dendê também foi uma grande decepção. Aí não com a gente, mas com a escola, que mostra que é profissional por um lado e amadora por outro. Tentam justificar com mil desculpas nossa derrota, quando o mais correto era dizer “escolhemos outro samba porque gostávamos mais dele”. É tão simples: mas as vezes o simples parece impossível.
Como é simples ganhar um carnaval quando você desfila melhor que as outras e ganha 10 em todos os quesitos. É impossível vencer quando a escola coloca cinco ritmistas a menos que o permitido e a escola sai com menos um ponto na apuração.
Nem tudo foi ruim no samba. Finalmente voltei a vencer no Boi da Ilha, minha escola do coração. Foram quatro anos de jejum, mas a vitória veio de uma forma acachapante como a maioria que tivemos na escola e o orgulho de saber que o Boi irá com um grande samba pra avenida.
A escola vem sofrendo enormes dificuldades desde que caiu pra Intendente Magalhães. Esse ano fez um bom desfile, mas problemas off desfile quase desceram o Boi de grupo. Enfocando 2013 aumenta o drama, com a escola desfilando quase no mesmo horário que a União da Ilha. Terá problemas para arrumar desfilantes, mas boiadeiro tem raça, se esmera.
Foi um ano que o samba me proporcionou muitas coisas, a realização de alguns sonhos materiais, que poderia ter rendido mais… Mas pelo menos acabou com a ilusão que eu tinha e muitos ainda tem de achar que a vida muda quando ganha no Grupo Especial. Não, não ganha e esse dinheiro não faz de ninguém milionário.
Mas não posso me queixar, aproveitei bem. 
Também não posso me queixar de meu lado escritor. Apesar de não ter sido um dos meus melhores anos como compositor de samba-enredo, foi um ano que gostei como escritor em geral. Juntando livros, peças de teatro e colunas (seis por mês no blog) foram quase duas mil folhas escritas em 2012.
Muitas das coisas que escrevi estão na internet. No site Recanto das Letras (www.recantodasletras.com.br/autores/aloisiovillar) e no Ouro de Tolo com as colunas semanais aos domingos sobre fatos do dia a dia – e quinzenalmente os contos de sábado.
Acho que escrevi coisas muito boas, inclusive aqui no Ouro de Tolo. Um exemplo foi o conto “fabricando carnaval”, sobre a Acadêmicos do Gato Molhado, que até fez a vida imitar a arte: alguns meses depois o candidato a prefeito Marcelo Freixo quis debater os enredos das escolas. No dia seguinte ao conto tive a coluna “O lado negro do Brasil” publicada e tendo grande repercussão. Foram os textos que escrevi com mais repercussão positiva nesses quase dois anos.
E acho que estão satisfeitos com o que estou escrevendo porque ganharei mais um espaço no blog, o que me honra muito.
Vida sentimental: turbilhão como sempre. Encontros relâmpagos, certo afastamento que me incomoda, mas não posso fazer nada porque a vida anda. Não teve nada muito marcante – para o bem e para o mal – e não sei até que ponto isso é bom. Mas teve seus momentos de euforia e depressão que. pelo menos. ajudam meu lado escritor. Saúde poderia ser melhor, a tal da hérnia disse que veio pra ficar, enfim, como eu disse, 2012 poderia ser melhor.
Mas teve uma pessoa.
A Bia, que os leitores já sabem bem quem é. Não me deixa esmorecer, não permite que eu deixe a peteca cair nem que eu me declare derrotado enquanto ainda estão rolando os dados. Ela é o meu sorriso em momento triste, minha alegria na depressão, minha gargalhada no choro, minha vida na morte.
Não sei se ela sentiu que não fui tão feliz nesse ano porque ela se aproximou demais de mim, principalmente nesses últimos meses quando o ano pesou mais e eu digo a vocês: querem um motivo para viver, para acordar todos os dias e lutar, para ser feliz? Tenham filhos. A Bia é meu projeto mais bem sucedido, meu momento mais feliz.
Acho que o ano do país em geral não foi muito diferente do meu. Um ano que não foi ruim, mas que poderia ter sido melhor. Mensaleiros finalmente foram julgados, a miséria e a pobreza diminuíram no país, o Brasil parece estabilizado, mas o PIB cresce pouco.
Ano de perdas fortes, como Chico Anysio, Millor Fernandes, Hebe Camargo, Marcos Paulo, Oscar Niemeyer e outros. Ano onde perdi meu grande parceiro Dãozinho, o primeiro que acreditou em mim como compositor. Ano de vitórias no vôlei, rame rame no futebol, alguns brilhos nas Olimpíadas e a certeza que há muito para melhorar até 2016.
Ano que o mundo não acabou, mas o Corinthians foi campeão da Libertadores… As duas situações são impressionantes. 2012 não foi bom para a torcida do Flamengo, foi muito bom para a torcida do Fluminense, médio para a do Vasco e o de sempre para o Botafogo. 
Ano que elegemos novos prefeitos e vereadores na esperança que sejam novos mesmos e não venham com a velha e fedida politicagem de sempre. O Brasil merece mais que isso.
Como diria a União da Ilha: enfim, o que importa é amar. Espero que haja mais amor em 2013.
Amor pelo país, pelo mundo, por nossos semelhantes, pelos filhos que dependem de nós para formarem caráter e retidão, aos pais que sempre cuidaram da gente e chega uma hora que eles necessitam da reciprocidade, àquela pessoa que chamamos de alma gêmea para que não lhe percamos no tempo e no espaço.
E principalmente o maior amor de todos. O amor próprio.
Sem ele não alcançamos nenhum desses amores citados acima. Sabem qual outro amor que pode ajudar também? O amor a Deus. Mesmo que você não acredite Nele, mas não é bom às vezes pensarmos que não estamos sozinhos nessa caminhada e tem Ele para nos amparar e ajudar quando necessário?
Podemos não acreditar em Deus, é direito do ser humano; mas que Ele sempre acredite em nós, isso é importante a meu ver.
Essa não é simplesmente a minha última coluna do ano. É também a última coluna do blog Ouro de Tolo em 2012 e mais: tenho a honra de escrever a última coluna sob o domínio http://pedromigao.blogspot.com
A partir de 1º de janeiro, depois de amanhã, iremos ao domínio www.pedromigao.com.br e nessa coluna derradeira minha, do ano e do domínio, agradeço a você Migão pela confiança de me dar um dia da semana do blog para escrever minhas asneiras… Que depois se transformaram em dois e agora com mais um espaço no ano que está raiando. Você foi o primeiro a me dar espaço para escrever e nunca esquecerei isso, nem sua amizade: que para mim é eterna.
Acredito ser o único colunista do blog que não é especialista em nada [N.do.E.: é sim: sobre o dom da criação artística]. Não tem uma linguagem tão técnica sobre determinado assunto e não sei se isso é bom ou não. Escrevo com o coração, com o instinto, tentando atingir esses lados de vocês leitores e espero que esteja conseguindo. O blog é feito por pessoas muito capazes e inteligentes, que nos permitem leituras deliciosas. Eu me sinto orgulhoso de estar nesse time dando minha humilde contribuição.
Ao contrário desse ano que está acabando. Que 2012 termine e com ele nossas mazelas e desesperanças, que venha 2013 para reforçar nossa energia e vontade de viver.
Feliz ano novo amigos. Hoje é o novo dia, de um novo tempo que começou. 
Tim Tim. Ih, está dando fora da área de cobertura…