Em 1948 o Brasil vivia a expectativa de sediar a Copa do Mundo de futebol de 1950. O presidente era o Marechal Eurico Gaspar Dutra, mas havia boatos de que Getúlio Vargas estava se preparando para voltar ao cenário político de forma espetacular. O país, em breve, botaria o retrato do velho outra vez na parede.
Aquele ano de 1948, na opinião deste escriba, foi mundialmente marcado por três eventos da maior importância : A morte, na Índia, do líder pacifista Mahatma Gandhi [que como todo líder pacifista que se preze morreu de forma violenta, assassinado por um fanático] ; a aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Assembléia Geral da ONU; e a fundação, em São Jorge dos Ilhéus, na Bahia, do Colo-Colo de Futebol e Regatas, o popular Tigrão.
Como a Índia virou até tema de novela da Globo e a Declaração dos Direitos Humanos infelizmente parece mais peça de ficção, estou convencido de que o fato mais importante do mundo naquele ano foi mesmo a criação do time de Ilhéus.O Colo-Colo foi fundado com uma nobre finalidade – disputar a Semana Inglesa, um torneio promovido pelo sindicato dos comerciantes ilheenses que costumava lotar aos sábados o estádio Mario Pessoa, conhecido à época como o colosso da terra do cacau.
O fundador e primeiro presidente do clube, Airton Adami, era fascinado – e sei lá eu a razão – pelo time de futebol chileno do Colo-Colo. Depois de alguns argumentos contrários de outros fundadores, prevaleceu a admiração do presidente e o nome do time acabou mesmo sendo uma homenagem ao clube do Chile.
O primeiro uniforme e a escolha das cores do Colo-Colo tem uma origem curiosa. Um dos fundadores do novo clube, José Haroldo Vieira, era fã do futebol argentino. Meio encafifado com a homenagem a um time do Chile, torrou o dinheiro que tinha e o que não tinha numa passagem aérea, resolveu dar um pulinho na Argentina e comprou em Buenos Aires um jogo de uniformes do Boca Juniors para presentear a agremiação. Tudo bem que o nome homenageasse uma equipe chilena, mas o uniforme tinha que ser o do Boca.
A coisa acabou mesmo em pizza [de chocolate feita com cacau do sul da Bahia] : o time é de Ilhéus, tem nome de equipe chilena e joga com as cores do Boca Juniors, o azul e o amarelo.
O Colo-Colo tem uma história gloriosa : Foi o campeão ilheense de 1953; tetracampeão amador da cidade [de 1958 a 1961] ; campeão da segunda divisão profissional da Bahia em 1999; e – conquista das conquistas – campeão baiano da primeira divisão em 2006, quebrando a hegemônia da dupla Bahia e Vitória.
Em mais de cem anos de história do campeonato baiano, aliás, só dois clubes de fora da capital conseguiram triunfar; o Colo-Colo e o Fluminense de Feira de Santana, campeão do certame de 1969.
Terminarei essas mal traçadas com uma confissão, feito declaração de amor do turco Nacib para a mulata Gabriela : Acho o hino do Colo-Colo de Ilhéus um dos mais bonitos do Brasil. Ouçam a Marcha do Tigre, orgulho da terra de São Jorge.

Abraço