Nesta quarta feira, o post de número 1.500 da história deste blog traz a coluna “História & Outros Assuntos”, assinada pelo Mestre em História Fabrício Gomes. Uma reflexão que eu mesmo muitas vezes me faço: os bons são mesmo maioria ou isto é uma falácia?

Apenas como introdução, Mokiti Okada (Meishu Sama) escreve que “a força do mal triunfará até 99%, e o 1% do bem irá derrotá-la”. É nisso que acredito.

Vamos ao texto. Aliás, antes de irmos ao colunista: esta postura da Coca Cola me parece em claro desacordo com suas práticas empresariais…

Há razões para acreditar num mundo melhor. Ou não?

Existe um comercial de 60 segundos da Coca-Cola na TV e nas salas de cinema, bastante emblemático. Faz uma comparação entre coisas ruins e coisas boas no mundo, com a seguinte mensagem: “Razões para acreditar num mundo melhor. Os bons são maioria”. Nele, números são apresentados, sempre informando que apesar de existirem algumas coisas ruins no mundo, como por exemplo o pessimismo das pessoas, a fabricação de armas, a corrupção e a destruição do meio ambiente, outras tantas coisas boas, em maior número, acontecem no planeta.

Mas, afinal, o comercial tem razão?

Vivemos em um mundo realmente melhor, comparado aos tempos de outrora? Ou trata-se apenas de publicidade para vender refrigerante? A vida é mesmo cor-de-rosa, para cada problema que enfrentamos, surgem dez coisas boas que são capazes de compensar?

Corrupção sempre houve. Desde a Antiguidade. Só que não existiam meios de comunicação tão eficazes como os de hoje, para divulgar os atos ilícitos. Mesmo assim, resta a dúvida: a corrupção atual é estimulada pela falta de punição, correto?

Violência sempre existiu também. Na Roma de Nero, jogavam-se pessoas aos leões, em arenas lotadas. Um espetáculo apreciado por muita gente – algo inimaginável atualmente. Mas… como explicar os recordes de vendas dos jornais populares, que estampam manchetes que “escorrem sangue” e despertam o interesse de milhares de leitores?

O interesse pela tragédia vende jornal. Então não é muito diferente dos “espetáculos” que aconteciam nas arenas romanas. Por outro lado, hoje somos capazes de nos chocar com certas notícias, nos emocionamos com atos de generosidade e de esforço humano. Nos tornamos tolerantes com a violência e a corrupção? No passado, existia isso? Ou não?

No passado, não havia tanta poluição. O progresso e a industrialização trouxeram as mazelas que hoje assombram o mundo contemporâneo. Acidente nuclear no Japão, usinas atômicas. Efeito estufa, formação de tempestades motivadas pela introdução de agentes químicos na atmosfera. Mas não havia conscientização – ou pelo menos a tentativa disso, certo? Desenvolvimento sustentável? O que era isso?

As pessoas se vestiam melhor antes? Ou atualmente a concentração de renda gerou uma parcela que se beneficia disso deixando tantas outras de pires nas mãos. O grau de exigência quanto a isso diminuiu? Havia fome no mundo ou só passamos a tomar conhecimento dela com a sofisticação dos (novamente eles) meios de comunicação?

Hoje produzimos armas para quê? Para promover mais guerras? Ou para lutar a favor da paz? O mundo tornou-se mais democrático? Algumas ditaduras ainda existem. Mas e os novos regimes implantados? São democráticos ou apenas substituíram os anteriores no modus operandi?

Temos tecnologia de ponta e não sabemos o que virá pela frente. Mas… e as cabeças que comandam toda essa parafernália? Têm consciência disso?

Objetivo aqui é justamente esse: questionar até que ponto devemos acreditar que vivemos num mundo melhor. Ou não? Os bons são maioria?

Ou apenas… publicidade?

Vejam o comercial a Coca-Cola que motivou esse post: