Bem, tudo começou no fim da década de 1980, ainda muito novo, quando comecei a acompanhar as corridas de Fórmula 1 por influência de minha mãe. Acabei me apaixonando pelo esporte. Como não tive grana para correr e sempre gostei de escrever, acabei decidindo fazer jornalismo.
Nunca pensei em fazer outra coisa que não fosse esporte, mas não esperava conseguir trabalhar com automobilismo tão cedo. Quando comecei no Lance!, mais precisamente na Revista A+, sempre tentei fazer matérias do tema, mas escrevi também sobre futebol e outros esportes.
E por causa de uma delas acabei conseguindo um emprego no GLOBOESPORTE.COM, onde passei a fazer motor quase 100% do tempo. O tema da reportagem: um enorme perfil de Bruno Senna, quando ele sequer tinha vencido corridas ainda (isso foi no início de 2006).
Além de saber escrever, o que deveria ser um pré-requisito natural, você precisa ser apaixonado por isso. Abrir mão de fins de semana, de estar ao lado das pessoas que você gosta em datas e/ou momentos importantes. Os principais eventos são no fim de semana. A profissão é quase como um casamento: você divide boa parte de sua vida com ela.
Temos boas categorias, mas o extra-pista acaba estragando boa parte disso. Um problema grave é a formação de pilotos de monopostos, que nos representariam no futuro na Fórmula 1. Só temos a Fórmula Futuro e a Fórmula 3 Sul-Americana. Talvez se o Massa tivesse sido campeão em 2008 o quadro fosse diferente.
Mas também acho que boa parte do público só gosta de ver brasileiro ganhando. Se não ganham, eles não prestam. O que não é verdade, muito longe disso. Muita coisa precisa mudar aqui.
As disputas têm sido muito emocionantes. Em compensação, o regulamento muda demais, dificulta o entendimento do torcedor. Outro problema é o abandono de praças tradicionais, como a França, para a chegada de países sem tradição, como Bahrein e Emirados Árabes. Grana é importante, mas a categoria não pode virar as costas para sua tradição.
Antes da temporada, achava que isso tudo era muito artificial, que contrariava a essência da categoria. Mas as corridas trataram de provar que eu estava errado. A asa móvel, a volta do Kers e os pneus menos resistentes tornaram as corridas movimentadas.
Se isso é artificial ou não, para mim não importa. O importante é o público… E ele está gostando bastante.
O alemão dominou a temporada desde o início e não vai dar mole neste fim de ano. Fico feliz de ver a evolução dele, o processo de amadurecimento. Ele deu o passo seguinte após o brilho inicial. É um piloto excepcional, que ainda vai fazer história na categoria.
A briga pelo vice? Para mim, dá Fernando Alonso. A experiência e a esperteza do espanhol farão diferença. Mas vale destaque a temporada de Jenson Button, que tem andado muito bem, principalmente nas provas mais tumultuadas e difíceis.
Ele ficou um bom tempo parado por causa da morte do tio e, apesar de não ter feito kart por muito tempo, tem um talento excepcional. Não sei se ele terá chances de ser campeão do mundo, mas, sem dúvidas, tem condições de fazer um bom papel na Fórmula 1. Agora é se tranquilizar para aproveitar a chance na Renault.
Massa precisa de algo para voltar a ser aquele piloto de 2008, que quase foi campeão – perdeu por detalhes. Infelizmente, a concorrência com Fernando Alonso é complicada. O espanhol é o melhor piloto da Fórmula 1 atual e um mestre na política interna na equipe. Se ele sair da Ferrari, na situação atual, uma vaga em uma equipe média seria o mais plausível.
Falta só Massa melhorar seu desempenho para entrar de alguma forma nesta briga.
O problema é quando o cidadão não tem talento e insiste em pagar para correr na Fórmula 1. Isto é negativo. Felizmente, os casos são poucos neste momento. Mas é uma realidade imposta pela situação financeira mundial. É um retrato disso.
Acho que os próximos candidatos a chegar lá são Felipe Nasr, campeão da Fórmula 3 Inglesa com seis corridas de antecipação, e Cesar Ramos, que ganhou a F-3 Italiana em 2010. Temos alguns kartistas como o Felipe Fraga, mas só.
Precisamos de mais categorias de base para mudar esta situação.
Temos apenas a Fórmula Futuro, iniciativa do Felipe Massa, e a já incipiente Fórmula 3 Sul-Americana. Se tivermos mais categorias de monopostos, a situação tende a melhorar.
Ah, a falta de empresas dispostas a apoiar jovens talentos, com a política de só investir no que daria um retorno certo, também atrapalha. E, claro, a bagunça da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), que precisa fomentar a base – o que ela não faz hoje.
Nelsinho é um piloto formado nos monopostos e os carros da Nascar são completamente diferentes, enormes e muito pesados. Acho que a escolha de carreira dele foi acertada: os americanos têm dado destaque para os brasileiros na Truck Series e o sobrenome famoso também ajuda muito.
Era aquele tipo de piloto que, quando tudo estava perdido, tirava algo de algum lugar que ninguém imaginava. Um mago das voltas rápidas em treinos classificatórios. O Mr. Pole Position.
Nas corridas também era espetacular. Quem não lembra de Brasil-1991 ou Donington-1993? Cresci acompanhando a carreira dele. Para mim, sem dúvidas, o melhor de todos.
Mas a qualidade de pilotos e equipes é notória. Tanto que Jacques Villeneuve, campeão da Fórmula 1 em 1997, elogiou muito a categoria. Acho que algumas mudanças no projeto do carro poderiam ser feitas para aumentar a segurança, principalmente na categoria de acesso – a Copa Montana.
Fazer pela TV dá trabalho, mas você fica preso, sem poder apurar várias informações. No local você pode correr atrás de coisas diferentes, observar, entrevistar. O paraíso do repórter, em suma. Fazendo à distância, isso se perde.
Entre categorias, trabalhar com Fórmula 1 é mais fácil. A categoria é notícia por si só. Nas outras, você precisa de pautas mais chamativas, mais gerais. E isso dá um bom trabalho. Ótimo, por sinal.
Fiquei feliz de ver que duas empresas brasileiras investiram no Bruno Senna na Renault. É um alento, mas o automobilismo nacional hoje vive de iniciativas individuais e abnegadas. Ter a Fórmula Futuro e a F-3 Sul-Americana é muito pouco. Precisamos de mais.
O kart precisa ter seu valor reduzido. Os incentivos financeiros são muito necessários.
Uma das corridas mais emocionantes e dramáticas que já vi. Aquele fim de prova, com a McLaren de Senna apenas com a sexta marcha (por mais que alguns digam o contrário, realmente acredito nessa história), foi angustiante.
No fim, a primeira vitória dele no Brasil. É daquelas corridas que você guarda todos os detalhes na cabeça.
RL – Ah, o GP de Abu Dhabi no ano passado (acima).
Foi minha primeira cobertura de Fórmula 1 no exterior. Apesar de alguns perrengues, como problemas de internet, valeu por cada minuto. Vi Vettel cruzar a linha de chegada na mureta dos boxes, vi o pódio, vi Alonso ser vaiado pelas equipes e Petrov ser aplaudido. Emoção e trabalho.
Fico arrepiado até hoje de lembrar daquela experiência.
Acho que cada um se adapta melhor ao que você quer no momento. Sou apaixonado por livros, mas o filme é importante para aquele momento que você quer apenas ser espectador. O livro é mais interativo, você interpreta o texto. E isso dá muito trabalho.
Conheço o blog há pouco tempo, mas ele já ganhou um leitor assíduo. E acho que isso diz muito sobre o Pedro, que cuida com muito carinho dele. Obrigado pela oportunidade e que o Ouro de Tolo ainda passe por muitos Carnavais.