Neste domingo, temos mais uma edição da coluna “Orun Ayé”, de autoria do publicitário e compositor Aloísio Villar. O tema de hoje é a paixão pelo futebol, em sua forma mais singela.

Futebol, aliás, que voltará a ser tema deste Ouro de Tolo amanhã, com a resenha do livro sobre os escândalos da Fifa.

Futebol: a Primeira Paixão

Depois que escrevi a coluna sobre o Petkovic e vendo a reação da torcida vascaína no decorrer da semana passada com a conquista da Copa do Brasil depois de oito anos sem títulos me deu vontade de voltar ao tema de uma forma mais ampla. Falando do futebol em si e como ele é importante em nossas vidas.

Não adianta: todo brasileiro já parou para ver uma partida de futebol. Mesmo aqueles que não gostam param para ver pelo menos uma vez a cada quatro anos: a seleção brasileira em Copa do Mundo. Como dizia um famoso escritor, “o futebol é a coisa mais importante entre aquelas menos importantes”.

E a relação do brasileiro com futebol é sagrada, quase religiosa. Se formos ver o futebol é o que existe de mais democrático no país. Para jogar bola não há necessidade de muito dinheiro, basta uma bola – nem que seja feita de meia – para uma partida ser disputada e ele é jogado tanto em condomínios da Barra da Tijuca como no morro do Dendê – e com o mesmo amor e dedicação.     

E esse amor une o mega empresário de São Paulo e um caboclinho de nossos grotões: às vezes eles ao mesmo tempo vibram com o gol do mesmo time, seja numa TV de plasma ou em um rádio de pilha.

O nosso time de futebol é nosso primeiro amor, aquele que a gente leva pra sempre; a emoção de torcer por aquela camisa ao longo de toda sua vida. Tem muita gente que não chora com a morte da mãe, mas ‘abre o berreiro’ emocionado porque seu time ganhou um turno de estadual e isso não é errado: é amor !! 

Nosso time é o maior do mundo sempre. Não importa se torcemos pro Barcelona ou para o Íbis: nós vestimos com orgulho sua camisa numa segunda-feira. A coisa mais imperdoável que existe é uma pessoa que muda de time, o ser mais repugnante e pária de nossa sociedade é um ‘vira casaca’.

Porque a gente troca de religião, de esposa, de cidade, país, alguns até de sexo, mas nosso time nunca!! Torcemos com oito anos de idade colecionando figurinhas e jogando botão com o mesmo amor que torcemos aos oitenta anos em uma TV no asilo. É o nosso time ali!!  O amor da nossa vida, o nosso time é o elo que temos com nossa infância e levaremos até a morte quando a bandeira dele estará sobre nosso caixão.

O time de futebol lembra os momentos mais gostosos de nossa vida. Aquele jogo especial quando o cabeça de bagre que odiávamos entrou em campo e vaiamos intensamente e aos 47 do segundo ele faz o gol do titulo e nesse momento abraçamos um cara do lado que nunca vimos na vida chorando e falamos que aquele “ex-cabeça de bagre” tem que ir para a seleção brasileira.

Tem gente que tem que sentar na mesma cadeira todos os jogos, usar a mesma cueca, que faz oração, gente que nem assiste ao jogo de tão nervoso!! Gente que esquece o nome da esposa, mas sabe de cor o seu time campeão de 1945!!

O futebol é incoerente, o futebol é fascinante, o futebol é lindo e ele é puro porque na bola de futebol tá a alma da criança que teima em viver para sempre dentro de nós.

Eu agradeço ao futebol alguns dos melhores choros emocionados da minha vida

E hoje esse rubro-negro que vos escreve dedica essa coluna a seus amigos vascaínos que fizeram essa criança chorona e orgulhosa renascer dentro deles.

Orun Ayé!