A partir de hoje, o Ouro de Tolo tem uma nova coluna: “A Médica e a Jornalista”. Assinada pela cirurgiã plástica e recém formada em jornalismo Anna Barros, irá trazer uma visão feminina do mundo, com foco maior em medicina e jornalismo, mas se estendendo, às vezes, a outros assuntos. Anna Barros é dona de dois blogs pessoais, o “Blog da Anninha” e o “Poltrona de Cinema”.

Conheço Anna Barros desde os tempos do extinto blog no jornal O Globo do jornalista Lédio Carmona. O contato se estreitou via Twitter e culminou na entrevista que dei a ela para sua monografia – e que reproduzi aqui anteriormente.

A coluna terá periodicidade quinzenal e será publicada aos sábados, sem prejuízo da “Sobretudo”.

Passemos ao texto de estréia, ao qual ressalto que tenho particularmente uma opinião mais crítica sobre a recente operação no Complexo do Alemão. Boas vindas ! Lembro que a dengue foi abordada na coluna “Formaturas, Batizados e Afins” recentemente.

“O que há em comum entre René Silva e a Dengue?

Senti-me honrada e lisonjeada ao aceitar o convite de Pedro Migão, do Ouro de Tolo, para escrever nesse espaço quinzenalmente. O título da coluna foi dado pelo próprio Pedro e para a estreia pensei em falar de Saúde Pública, da Dengue, essa doença que nos atemoriza todos os anos. Mesmo eclipsada pela gripe suína, ano passado ela se manifestava de forma silenciosa e matava muita gente, sem que às vezes soubéssemos de dados oficiais precisos. Mas não pude passar incólume ao ver no programa da TV Globo, o Caldeirão do Huck, do útimo sábado dia 11 de dezembro o jovem Rene Silva, do jornal A Voz da Comunidade. Pelo twitter, ele nos alimentou com notícias da invasão policial ao Complexo do Alemão, no último dia 24 de novembro, e a retomada do poder público do local.

Eu tive muita sorte na vida. Fiz a faculdade de Medicina por vocação e a de Jornalismo por paixão. Fiquei extremamente sensibilizada com as condições em que René vivia e como seu laptop, da Redação improvisada em sua casa, era e é um instrumento de mudança social. Sim, porque informar é isso.

Nunca devemos nos esquecer que devemos primar pela informação de qualidade e pelo acesso democrático de todos à ela. E o objetivo não é manipulá-la e sim dar condições para que o leitor, o ouvinte e o telespectador possam ter senso crítico e formular sua opinião acerca dos fatos. Há ainda uma outra palavrinha essencial nesse processo comunicacional: a interação. O receptor não é mais passivo ao que o emissor transmite, ele é ativo e isso revolucionou os meios de comunicação – com os blogs e as redes sociais.

Fiquei admirada de ver o faro jornalístico de René e sua trupe: ele conta com quatro colaboradores.  Todos também querem ser jornalistas no futuro e suas idades variam entre 11 e 17 anos. O jornalista precisa ter uma mola propulsora: a curiosidade de querer apurar bem a informação, fruto desse combustível que nos alimenta diariamente. Nossa “Cidade Partida” foi tomada pela violência do poder paralelo que queria de uma vez por todas mostrar a sua força. Com uma operação orquestrada pelo secretário de segurança José Mariano Beltrame, contando com Marinha e Exército, retomou o que era da população carioca e mais ainda o que pertencia aos moradores da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão: a sua liberdade de ir e vir, os nomes das ruas estampados nas redondezas, coisa que antes eles não tinham e por isso havia dificuldade de receberem cartas, contas e até compras. Enfim a sua dignidade plena como cidadãos.

Num mundo globalizado, em que a geração internet impera, em que há várias críticas ao Twitter, que é a meu ver uma das maiores ferramentas de informação e de socialização, um rapaz mostrou que pode, sim, com parcos recursos, contar os fatos e informar quem estava de fora da favela, mas sem desgrudar os olhos da televisão, em busca de justiça e de informação. René Silva é um exemplo para todos os jovens, estudantes de Comunicação Social ou não, de que é possível transformar a sociedade, basta querer. Um notebook e uma ideia na cabeça, parafraseando o genial cineasta Glauber Rocha.

A missão de informar é árdua, tanto o que se passa numa situação de conflito, como os sinais e sintomas de uma doença, como a dengue, que tem o pilar da prevenção como mote. É na profilaxia que se baseia a Saúde Pública. Evitar água parada, ter cuidados básicos com as plantas, principalmente bromélias, sem deixar que se acumule água, cuidar de caixas d´água para que não acumulem os ovos que a fêmea do mosquito Aedes aegypti deposita. Não despejar lixo em valas, em riachos, evitando que fiquem obstruídos, dentre outros cuidados essenciais.

Há uma interseção, aquele símbolo matemático simples, entre Rene Silva e o seu jornal “A voz da comunidade” e a Dengue: a informação. Ela é preciosa e precisa ser cada vez mais espalhada de forma correta, ética e precisa atingir todas as camadas sociais da população; estimulando cada vez mais o surgimento de blogs, uma de suas maiores manifestações, e o acesso de banda larga gratuito a todos os cantos do país.
          
Essa é a nossa primeira coluna de muitas, espero. E a troca de ideias e a interação farão parte desse espaço através da caixinha de comentários. Prometo me empenhar nessa nova missão assim como eu o faço no Blog da Anninha e no Poltrona de Cinema, meus dois blogs pessoais. É com felicidade e carinho que damos esse pontapé inicial, não à toa, o nome de um dos meus programas preferidos na televisão.

Agradeço à oportunidade que me foi concedida pelo Pedro Migão, o editor do excelente blog Ouro de Tolo, que é parada obrigatória para quem quer se informar e se divertir. Aproveito a ocasião para desejar um Feliz Natal a todos e lembrá-los que o protagonista dessa data especial é o menino Jesus!

Até a próxima!
Anna Barros”