Quarta feira, início de dia kafkiano – será o tema do blog amanhã – e temos mais uma edição da coluna “Mr. Beer and Miss. Wine”, assinada pela empresária e historiadora Thatiane Manfredi.

Saindo um pouco do tema da coluna, o texto hoje trata dos desafios que precisam ser enfrentados pela presidente eleita Dilma Roussef, olhados pela ótica de uma pequena empresária. Como a própria autora ressalta, particularmente discordo de alguns pontos, mas é importante para termos o contraditório e o debate.

Nós temos uma nova presidente!

Eu hoje gostaria de mudar bastante o rumo dessa coluna. Sempre escrevo assuntos do cotidiano, sobre como fazer para que a nossa vida possa ser mais agradável e menos complexa e complicada, mas devido aos últimos acontecimentos na política brasileira, decidi que esse post de hoje deveria ser um desabafo. Perdoem os meus leitores não prosseguirmos com a série dedica a etiquetas pessoal e profissional, mas retornaremos à programação normal daqui a 15 dias.

Por mais que eu tenha formação em história, analisar políticas e suas conjunturas nunca foi o meu forte. Sou especializada em literatura inglesa do século XVI, nada a ver com o tema que irei discorrer a seguir.

Para inicio de conversa, a nova presidente não me agrada. Como pessoa, acho a figura dela um tanto quanto estranha, mas isso é um problema exclusivamente meu. Não será a figura dela que irá governar, mas sim o cérebro. Precisamos de um cérebro no mais alto cargo do executivo e não mais de figuras simpáticas e carismáticas. Espero que essa proposta já tenha passado. Conto com a expertise administrativa da nova presidente para que ela possa ser bem sucedida na sua árdua empreitada.

Sempre ouvi que as mulheres são melhores administradoras que os homens. Mas será isso verdade? Que os homens agem por impulso, por testosterona demais acumulado, e as mulheres agem com mais esmero e carinho isso sim acredito, mas o fato de termos uma mulher como presidente do Brasil é um feito extraordinário para a jovem democracia em que vivemos. Imaginem em tempos como o de Getúlio Vargas ou da troglodita ditadura militar, uma mulher no poder. Inimaginável, não é?  E sim, a chamo de presidente, eu acho presidenta uma palavra muito feia e sempre me soa com um tom pejorativo, por mais que esteja correto.

Mas voltando a falar sobre a administradora presidente eleita Dilma Rousseff, ela terá uma batalha e tanto pela frente. Em seu discurso de eleita, Dilma disse que será a presidente de todos. Tenho minhas dúvidas quanto a isso. O governo Lula está de parabéns quanto a proposta de erradicar a miséria no país. Nunca algo tão grandioso foi feito pelos brasileiros mais pobres dessa grande nação. E concordo com a proposta da presidente eleita em continuar com o feito, mas a quem preço? Altos impostos, criação de novos impostos, retorno de antigos impostos, por aí…

Já discuti muito com o editor desse blog, meu querido amigo Pedro Migão, sobre a questão do bolsa-família. Conheço casos como de pessoas que tiveram mais três filhos após terem começado a receber o bolsa-família e simplesmente pararam de trabalhar para poder viver às custas do tal benefício. Fora os casos que estão por aí que não tomamos conhecimento. Lembro-me muito bem do “slogan”: dar o peixe, mas ensinaremos a pescar. Após oito anos são raros os casos de pessoas que aprenderam a pescar. A maioria ainda continua só recebendo o peixe. [N. do E.: uma outra visão do Bolsa Família, que inclusive exerce o contraditório com o texto, pode ser lida aqui.]

Nessa última semana uma onda de incitação ao ódio correu às redes sociais, principalmente Twitter e Facebook. Uma pobre moça (digo pobre no sentido de pobre de espírito) deu declarações ofensivas e xenofóbicas contra os nordestinos. Vergonhoso! Mas é assim que pensam muitas pessoas (inclusive pessoas do meu convivo), essas só são mais espertas que essa moça. Não falam por aí o que pensam, tem medo, se calam em seus condomínios, seus country clubes, seus grupinhos de balada, entre outros. Espero que a punição seja à altura da repercussão em que tomou essa declaração descabida, preconceituosa, xenofóbica e medonha. Como diz muito bem a Carta Capital dessa semana, que guerra é essa?

Acredito que a presidente eleita chegou à encruzilhada de sua vida, torço pelo governo dela dar certo, torço muito, aliás, minha empresa depende desses próximos anos. Espero que a presidente saiba que caminho a seguir nessa encruzilhada. O caminho certo e justo para todos é sempre o mais difícil a seguir. Espero que ela siga esse. Precisamos confiar. Darei mais essa chance. Eu confio, presidente, confio. Por favor, não decepcione seu país.

E, se possível, olhe um pouco pela micro, pequena e média empresa…”