No último final de semana, consegui uma folga no trabalho e passei quatro dias em um hotel fazenda em Barra do Piraí, estado do Rio. Foram dias de descanso, lazer e, na medida do possível, desconectado.
Algo que me chamou a atenção é como temos lugares bonitos no estado do Rio, a pouco tempo de viagem da capital. Pela Via Dutra e depois atravessando as cidades de Piraí e Barra do Piraí, é uma trajetória de pouco mais de 100 quilômetros. Muitos cariocas não conhecem a região, com montanhas, cachoeiras e locais para se desestressar um pouco.
Constando de uma mini-fazenda e diversas opções de lazer, o hotel ainda possui a característica de ter uma equipe de recreadores cuidando das crianças. Uma das programações é a visita à citada fazenda, onde se pode dar comida aos animais e, para muitos, ter o primeiro contato com estes bichos.
É impressionante como muitas crianças de classe média, e até alguns adultos, jamais viram um avestruz, um burro ou mesmo uma vaca como a acima. É um distanciamento da natureza que torna o ser humano até mesmo meio ignorante de muitas coisas que o cercam.
Por isso que escrevo que é uma leviandade criticar coisas como o Bolsa Família ou outras iniciativas voltadas à população mais pobre ou do interior sentado atrás de um computador em uma sala refrigerada na cidade grande. Não há conhecimento suficiente, por mais que se estude, por mais que se informe. Precisa se ver – como fiz na Bahia em março.
O quadro é parecido. Muita gente que nunca havia visto um boi ou uma vaca na vida, mas que quer posar de “ambientalista”, “ecológico”, “vegetariano” e coisas do gênero. Mas o fazem andando em grandes “SUVs” que fazem 3km/l de combustível e gerando uma quantidade de resíduos imensa e desnecessária. Ou seja, na teoria a prática é outra…
Outra reflexão que dias como estes nos trazem é a irracionalidade de nosso dia a dia na cidade grande. Cada vez mais tentamos “espremer” mais atividades em menos horas, conjugado a isso com uma carga de trabalho cada dia maior.
Na prática, nos tornamos “multi tarefas”, fazendo duzentas e cinquenta mil coisas ao mesmo tempo e sem conseguir parar para dar aquela rearrumada nas coisas. As pendências vão se acumulando e acabamos dando atenção às pequenas coisas quando elas se tornam grandes – e inadiáveis. Vivemos muito mais pelo dever, pelo cumprimento de nossas obrigações, e acabamos nos esquecendo do que nos dá prazer.

Observamos também as pessoas que vivem nestas localidades, uma vida talvez não tão confortável mas absolutamente mais calma e mais simples. O ser humano anda com a mania de complicar as coisas com sofisticações desnecessárias.

Ainda aproveitei para “matar as saudades” do kart – uma das coisas que os mil afazeres acabaram me afastando – na pista de mini buggy do complexo. O traçado, embora estreito, é bem interessante e serviria bem a uma pista de kart – um pouco mais largo, claro.
Os buggies tem o desempenho limitado mas, com o traçado da pista ajudando, acabam se tornando bem interessantes. No primeiro dia tive de ir devagar pois minha filha mais nova, a Ana Luisa, estava de “co-piloto” (foto), mas no último dia bati o “recorde” da pista: 16 voltas em 15 minutos. Acredito que o mesmo traçado em um kart destes indoor poderia ser feito em 28, 30 segundos por volta.
Em resumo, sempre é bom tirar alguns dias para se energizar e voltar à pauleira que é o nosso dia a dia. Perto da cidade do Rio há diversos locais como este, que permitem uma parada, um descanso e o contato com a natureza, com uma boa leitura e uma cervejinha, que ninguém é de ferro…
Tentei me manter o mais que possível desconectado – até porque a internet da Vivo não pegava de jeito nenhum, a antena havia pego fogo semanas atrás – mas depois que consegui configurar o Wi Fi do meu celular não resisti e postei diversos comentários no Twitter entre segunda e terça. Além de ver se os posts que havia programado antecipadamente haviam subido. Ainda assim consegui me manter razoavelmente longe da tecnologia, e isso foi bom.
Caminhei bastante, dormi, li… valeu a pena.
Ainda encontrei como vizinho de quarto o jornalista José Ilan, do GloboEsporte.com e da Globo, conhecido como uma das lendas do Twitter. Foi com ele que bati a foto abaixo, obviamente aproveitando para dar uma provocada na penca de tricolores que estava no hotel – inclusive o próprio jornalista…