Época de Copa do Mundo, hora de começar a colocar as resenhas dos livros lidos durante a viagem ao Paraná.
Inicio por este “As Melhores Seleções Brasileiras de Todos os Tempos”, do jornalista e narrador do SporTv Milton Leite.
São seis seleções as escolhidas pelo autor em seu passeio pela história de nosso vitorioso futebol: as cinco campeãs do mundo e uma seleção que não foi campeã, mas que a meu juízo foi a melhor que vi jogar: o inesquecível time de 1982.
Particularmente, embora não fosse vivo na época – dos times elencados só vi de 1982 para cá – trocaria o tosco campeão de 2002 pelo time vice campeão de 1950. Entretanto, o argumento do autor para não inclusão da seleção de 1950 é bastante razoável: embora tenha dominado tecnicamente aquele Mundial, não faria  muito sentido abrir o livro com a maior derrota da história do futebol canarinho.
Faço aqui pequeno resumo dos seis capítulos. Ao contrário do livro do jornalista Mauro Betting sobre as melhores seleções estrangeiras – “irmã gêmea” deste e alvo da próxima resenha – Milton Leite optou por não fazer o “jogo a jogo” de cada seleção em sua respectiva Copa, optando por um plano mais geral. Destaco também a ficha técnica de cada jogador participante nas campanhas, ao final de cada capítulo.
1958 – o autor conta os detalhes da primeira preparação profissional do Brasil para uma Copa do Mundo, desde a organização da Comissão Técnica, passando por dentes e amígdalas extraídas antes do início da competição e os “espiões” que acompanhavam os adversários. Relaciona as diversas mudanças que a equipe sofreu durante a competição e um fato curioso: as camisas azuis utilizadas na finalíssima foram compradas no comércio de Estocolmo às vésperas do jogo. Bem diferente dos dias atuais…
1962 – com a base da equipe anterior, envelhecida – sete dos onze titulares da estréia tinham mais de trinta anos. Ao contrário de 58, houve apenas uma alteração na equipe do início até o final da competição, a entrada de Amarildo no lugar de Pelé, machucado. Como não se permitiam substituições durante os jogos na época, apenas doze jogadores foram utilizados na campanha.
1970 – bastante renovada após o fiasco de 1966, o livro conta algumas passagens de bastidores referentes à saída de João Saldanha e a ascensão de Zagallo. Jairzinho concedeu uma entrevista para o livro onde deixa claro que na opinião dele Dario somente foi convocado para agradar o ditador Garrastazu Médici: “todos nós sabíamos disso. O Dario era boa pessoa, artilheiro, mas muito ruim para estar na seleção de 1970. Ele ficava até constrangido.” (pp.89).
1982 – o autor faz justiça à figura do técnico Cláudio Coutinho (em minha opinião, injustamente esquecido no livro sobre os onze maiores técnicos brasileiros) como formador daquela equipe. Telê assumiu em 1980 e alterou o time, mantendo a base anterior. O autor também desmistifica uma tese até hoje corrente, de que na fatídica partida contra a Itália – uma das maiores tristezas de minha vida futebolística – o time havia se lançado à frente quando o empate bastava. Em minha opinião, o melhor e mais revelador capítulo.
1994 – mais uma vez faz justiça à renovação empreendida por Falcão entre 1990/91 e esclarece de uma vez por todas o afastamento e o retorno de Romário. Muito interessante é a descrição tática feita por Parreira daquela equipe.
2002 – o subtítulo do capítulo diz tudo: “quando o caos levanta a taça”. Esclarece a história da não-convocação de Romário, como ponto alto do capítulo.
Um bom painel das maiores seleções brasileiras, bom texto, boa leitura. Recomendo.