Os meus 52 leitores acompanharam que semana passada passei uns dias a trabalho na cidade de Salvador.

Como escrevi em outubro do ano passado, conheço razoavelmente a cidade. Entretanto, desta vez precisei me deslocar por maiores distâncias haja visto a refinaria ficar distante cerca de cinquenta e cinco quilômetros do hotel em que estive hospedado na capital baiana.

Diria que dois aspectos me chamaram bastante a atenção nestes dias.

O primeiro é o trânsito, absolutamente coisa de maluco. Nem irei tomar em referência os tempos de ida, impactados por protestos referentes a um acidente sério ocorrido na operação sexta feira anterior à minha chegada – infelizmente uma das vítimas acabou falecendo sexta feira última. Mas sim o retorno à cidade.

Nosso transporte saía do local onde estive trabalhando um pouco antes das cinco da tarde. Entretanto, o percurso misto entre rodovia e cidade não levava menos que duas horas. A estrada de saída, no município de São Francisco do Conde é bastante estreita e não comporta o tráfego pesado daquela região. Segundo soube, há a proposta da Petrobras de uma nova estrada, mas esta encontra resistência na municipalidade de Candeias por esta considerar que tal construção iria esvaziar a cidade – hoje a rodovia passa dentro do município.

Por outro lado a chegada a Salvador incorre sempre em trânsito bastante pesado. Eu me arriscaria a dizer que guardadas as devidas proporções o trânsito é muito pior que o do Rio de Janeiro, cidade com pelo menos o dobro de habitantes. Parece brincadeira, mas se somar o tempo que perdi em aeroportos – sete horas e meia somando ida e volta – e no trânsito eu consegui ler cinco livros e iniciar um sexto. Todos serão objeto breve de resenha aqui.

Segundo, mas não menos importante, é algo que já escrevi aqui na sexta feira: a pobreza das regiões próximas à capital baiana. Em um dos desvios de tráfego passamos por uma cidade chmada Simões Filho, onde a pobreza surge com força. Candeias e São Francisco do Conde são das maiores arrecadações de impostos do estado, mas evidentemente a sua população não recebeu os benefícios decorrentes do petróleo.

Soube também que a prefeita de outro município próximo resolveu investir em educação: mandou a filha para os Estados Unidos. Este seria um bom exemplo da atuação política nestes municípios, ao que parece. Obviamente há um problema sério de alocação de recursos públicos nestas cidadaes.

Outro problema é que acaba girando tudo em Salvador, devido à distância. Os trabalhadores da refinaria não vivem nas cidades próximas, optando por se basear em Salvador devido à ausência de estrutura. Acaba-se gerando um círculo vicioso: a cidade não tem estrutura para acolher estes trabalhadores qualificados e estes não exercem demanada para a melhoria dos serviçoes públicos.

Last, not but least: também fica patente o que causaram décadas de coronelismo exercidos pelo ex-Governador Antonio Carlos Magalhães. Apropriação de recursos por poucos e de recursos públicos a causas particulares. O resultado desta política é visível, basta passear por estas cidades. Claramente a renda do petróleo não beneficiou o grosso da população.

No mais, a mesma Salvador agradável de outras visitas, apesar do tempo bastante escasso e da imersão nos assuntos de trabalho.