Tenho o hábito de, quando acordo pela manhã, ligar a televisão no canal Cartoon Network. Primeiro porque passam alguns desenhos antigos de que gosto e segundo porque as meninas acordam cedo e assim a mãe delas consegue dormir um pouco mais.
Ontem, apressado e atrasado para sair de casa, me deparo com uma série de comerciais no referido canal. Todos, sem exceção, estimulando o consumo das crianças e, principalmente, o das meninas – a proporção era de três comerciais de bonecas para um voltado aos meninos.
Pois é. O comercial mais inacreditável era o da boneca Polly (uma espécie de “Barbie paraguaia”) que exibia uma espécie de autorama voltado às crianças do sexo feminino. A “linha de chegada” determinada pelo brinquedo (foto) nada mais era que a porta de entrada do shopping!
O comercial reforçava o tempo inteiro esta idéia: “seja mais rápida, vença suas amigas e chegue primeiro ao shopping”. Ou seja, além de estimular a compra do brinquedo, ainda reforça a idéia de que a felicidade reside em consumir.
Ressalto que o público alvo deste tipo de comercial, no canal citado, são crianças que não possuem o menor discernimento no uso do dinheiro, bem como de valores considerados adultos. Não possuem qualquer bagagem e repetem, tal papagaios, o que ouvem nos comerciais. O indefectível “compra, pai?”
Obviamente que meu papel de pai reside em incutir em minhas filhas os valores adequados, mas sou radical: este tipo de comercial, no canal em que é veiculado, deveria ser proibido.
Mal comparando, é o mesmo caso das leis que proíbem a propaganda de bebidas alcoólicas ou do cigarro. Os comerciais de brinquedos vendem valores que absolutamente os produtos não tem, e pior: para um público que ainda está sendo formado, não tendo discernimento do que é certo e errado.
Da mesma maneira em que os comerciais de fumo e álcool são proibidos por se associarem a benefícios intangíveis somente vistos pelos profissionais de marketing, os comerciais de bonecas estimulam o consumo desenfreado por parte de mentes ainda em formação.
Infelizmente, é lamentável o que o ser humano é capaz de fazer por causa de dinheiro. É nestas horas em que a regulação do Estado se faz necessária.
Canais infantis, voltados para um público infantil ou pré-adolescente, deveriam ser impedidos de veicular publicidade. Até porque o assinante já paga caro para assistir estes canais.
Mas isso é outra história…

7 Replies to “Propagandas Infantis”

  1. É Migão… mas e aí, o “compra pai” terá efeito? rsrs
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    Lembro até hj que meu pai não entendia que a Barbie era produto vendido separadamente de todas aquelas quinquilharias dela….
    .
    Não assisto cartoon, mas alguns antigos de lá são bem bacanas mesmo. Outra coisa, há a interatividade com sms e afins.Onde isso vai parar? Estão estimulando criança a ter celular.

  2. A ter celular e a gastar.

    Comigo elas não se criam, mas a mãe…

    p.s. – dizem que a Barbie mais cara é a divorciada: vem com o carro do Ken, a casa do Ken, as roupas do Ken, o iate do Ken…

  3. amigo, lendo o seu texto eu me vi como se o estivesse escrito
    eu assisto uns desenhos com a Gabi e fico horrorizada em ver a quantidade de propangandas de brinquedos para meninas…
    acoisa mais barata que ela me pediu de Natal esse ano custa 299,00… ela até merece… mas eu acho demais…

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