Semana passada eu tinha um convite para uma formatura, a qual acabei não indo devido a outros compromissos. Entretanto, queria falar um pouquinho sobre algo que me incomoda terrivelmente.
A festa era comandada por pessoas ligadas à religião evangélica e, obviamente, não tinha a menor chance de haver uma cervejinha sequer.
Sinceramente, acho isso um tremendo egoísmo. É algo na linha “você está em minha casa, tem de fazer o que eu quero, na hora que eu quero, do jeito que eu quero.” Não há a menor preocupação em criar um clima agradável para recepcionar aqueles que são visitas e que professam outro tipo de religião.
Faço a ressalva de que o evento em questão não era dentro de uma igreja.
O meu raciocínio é simples: se eu convido pessoas para a minha casa, penso em formas de agradar aqueles que dispendem o seu tempo, precioso tempo, a fim de prestigiar o nosso evento.
Por exemplo: eu não fumo, mas se sei que receberei um fumante, coloco um cinzeiro na varanda do apartamento. Não custa nada.
Pois é. Para os evangélicos, mais importante que agradar seus convidados é impor a sua Fé a ferro e fogo. Aquela cervejinha e mesmo música que não seja produção das próprias igrejas – a chamada música “gospel”, que não tem nada a ver com a original americana – são inapelavelmente vetadas.
Ou seja, mesmo que não sejamos praticantes da religião, temos de segui-la em eventos por estes organizados. Mal comparando, seria a mesma coisa que eu dar uma festa e obrigar todos os participantes a receberem Johrei, fazendo três reverências e três palmas.
Ainda pode ser pior: em muitos casos, a pregação é feita no sentido de converter os não-crentes. Certa vez estive em um casamento onde o objetivo do pastor era mais convencer os presentes a seguirem sua crença que oficiar o casamento. Nós, que estamos ali por termos laços com as pessoas, somos obrigados a escutar esta cantilena.
Que fique claro que não sou pessoa de ficar bêbado ou de ter alteração. Bebo minha cervejinha socialmente, como os meus 38 leitores sabem perfeitamente.
É muito chato para quem não é crente ter de ficar “no bico seco” e ouvindo música religiosa quando não se é evangélico. Denota uma falta de respeito com aqueles que nossos convidados são. E depois não entendem quando damos uma desculpa qualquer para não ir.
Ah, não quer ver pessoas bêbadas ? Ok, serve duas ou três rodadas de cerveja e vinho ou direciona apenas a quem bebe. Coloca uma música suave. Evita as pregações inúteis.

Mas não. A imposição das nossas convicções é mais importante que qualquer outra coisa. Somos os escolhidos, eles são hereges e precisam aprender conosco se não quiserem ir ao inferno. Isso é muito chato.
Como escrevi no artigo anterior, este é o egoísmo dos evangélicos.
P.S. – Pelo menos, depois de dez anos de convivência, em eventos (quando ocorrem  na casa das pessoas, lógico) da família da minha esposa já não me olham de cara feia quando levo minha cota particular de latinhas. Até dão uma ‘bicada’ escondidos… mas este comportamento é tema para outro post.

3 Replies to “O egoísmo dos evangélicos (II)”

  1. bom, pelo menos eu já sei que vou poder levar meu cigarro caso seja convidada a conhecer sua casa… huaahauhauhauaahua

    eu concordo com vc… gentezinha q só pensa no proprio umbigo…. mas há exceções… conheço algumas familias evangelicas de nascimento que bebem sem que seja escondido, sem hipocrisia nenhuma…. mas a maioria é isso aí mesmo

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