Reviravolta no golpe de estado em Honduras. O presidente deposto Manuel Zelaya voltou ao país e se asilou em Tegucigalpa, capital do país.

Segundo as últimas notícias, a chegada do presidente deposto à embaixada brasileira na capital hondurenha foi fruto de uma articulação conjunta dos governos brasileiro e americano. De acordo com as leis do direito internacional, a embaixada de um país é considerada território do mesmo.

Ou seja, teoricamente o presidente deposto é indevassável no prédio sede da representação brasileira em Honduras. Digo teoricamente porque, como mostra a imagem acima, os soldados do Exército do país jogaram bombas de gás lacrimogêneo dentro de nossa embaixada.

Outrossim, a chancelaria local já avisou que a imunidade diplomática “não vale para foragidos da justiça”, que é o tratamento dado ao presidente deposto. Traduzindo, não será surpresa uma ação de invasão da embaixada brasileira a fim de resgatar e até executar o presidente Zelaya.

Se isto acontecer, o país centro-americano certamente ficará isolado em termos continentais, mas a elite local resolve seu problema de voltar a ser beneficiada pelas políticas de Estado. Contudo, a ajuda internacional, notadamente americana, já foi cortada; e não parece que será restabelecida.

Outro viés interessante é a posição brasileira na questão. O país é visto como um meio termo entre os EUA e Hugo Chávez, ou seja, como um mediador equilibrado na contenda. Mérito de nossa política externa e de nossa democracia.

Lembro aos meus 22 leitores que é normal se conceder asilo político em embaixadas, em situações de ditaduras e perseguições políticas. Em sua excelente coluna na Rádio Bandnews, hoje, o escritor Ruy Castro lembrou do caso de um dos maiores opositores do regime salazarista português. Ele ficou quatro meses como hóspede na embaixada brasileira até conseguir embarcar para o Rio de Janeiro, então capital (1959) em segurança.

Por outro lado, lamento a exploração política do fato pela oposição brasileira, conforme notícia publicada no jornal O Dia. Chamar o governo de “chavista” por conceder asilo é inacreditável. Aliás, acho muito ‘interessante’ demonizar o presidente venezuelano, mas isto é assunto para outro post.

Cada vez mais, caem as máscaras. Esta turma é inimiga do Brasil.

Vamos aguardar os acontecimentos.

Foto: O Globo