No terceiro ano dos desfiles das escolas de samba do primeiro grupo na Marquês de Sapucaí, mudanças significativas dividiram as opiniões dos amantes do Carnaval e integrantes das agremiações.

Uma alteração agradou à maioria: pela primeira vez o sentido do desfile passaria a ser Presidente Vargas-Catumbi, como permanece até hoje. Houve um consenso de que uma concentração na principal avenida da cidade seria facilitada e haveria mais espaço para o transporte de alegorias e chegada dos desfilantes. No primeiro ano, porém, ainda houve problemas com a invasão do público, mas depois a Presidente Vargas virou mesmo a concentração das escolas.

Só que no regulamento as mudanças geraram protestos pesados dos sambistas. Os quesitos Mestre-Sala e Porta-Bandeira e Comissão de Frente foram extintos e houve o acréscimo do julgamento de Conjunto, com todos os jurados (exceto os de Alegorias e Adereços) dando notas (de 1 a 3) que teriam de avaliar o desfile como um todo. Entretanto, os dois quesitos retirados ainda foram transformados em obrigatoriedades.

Além disso, haveria apenas um julgador para cada um dos sete quesitos, e sem critérios de desempate no fim da apuração. Com razão como veremos adiante, havia o temor de que houvesse diversos empates na classificação final.

Houve ainda a redução de 80 para 70 minutos no tempo máximo de desfile – quem ultrapassasse esse limite, não receberia os cinco pontos de bonificação para essa obrigatoriedade.

Novidades também nos bastidores das escolas. A campeã Mocidade Independente de Padre Miguel perdeu o brilhante carnavalesco Arlindo Rodrigues para a Imperatriz Leopoldinense. Fernando Pinto, que havia feito carreira no Império Serrano, foi o substituto em Padre Miguel e optou pelo enredo “Tropicália Maravilha”. Arlindo escolheu para a Verde e Branco de Ramos o enredo “O que que a Bahia tem”, numa nova reedição de algo que ele já havia desenvolvido (“Bahia de Todos os Deuses”, Salgueiro-1969).

Para tentar recuperar o título, a Beija-Flor de Joãozinho Trinta apostou no enredo “O Sol da Meia-Noite – Uma Viagem ao País das Maravilhas”, sobre o imaginário infantil. Mordida com o terceiro lugar de 1979, a Portela escolheu como temática o circo, com direito – segundo muitos – a uma crítica ao resultado do ano anterior no título do enredo: “Hoje tem marmelada”.

Já a Mangueira levaria para a avenida os costumes e riquezas do Brasil no enredo “Coisas Nossas”, mas com um samba muito criticado. Por outro lado, a União da Ilha teria mais um belo samba para o enredo “Bom, Bonito e Barato”, sobre a própria escola.

Ainda imerso num caldeirão político, o Salgueiro faria uma homenagem a Lamartine Babo, mas Osmar Valença reassumiu a presidência e não só demitiu o carnavalesco Max Lopes como alterou o enredo, que passou a ser afro e com samba escolhido às pressas.

Livre do rebaixamento após um acerto nos bastidores, a Unidos de São Carlos homenagearia a Deixa Falar, primeira escola de samba e ancestral da própria agremiação. Completavam o primeiro grupo a Vila Isabel, com um enredo inspirado num poema de Carlos Drummond de Andrade e um extraordinário samba de Martinho da Vila, enquanto o Império Serrano escolheu “O Império das Ilusões – Atlântida, Eldorado, Sonho e Aventura”.

OS DESFILES

Depois do inédito rebaixamento em 1978 e da subida em 1979, o Império Serrano levou para a avenida um confuso enredo inspirado no livro “Visão do Paraíso”, de Sérgio Buarque de Hollanda sobre a colonização e busca do eldorado no Brasil, passando pelos povos fenícios, vikings, índios americanos e tribos africanas, e exaltando ainda Atlântida, o famoso continente submerso, as florestas e a busca pela paz mundial.

O desfile começou tumultuado porque o Império começou a esquentar na concentração e um funcionário da Riotur logo abriu a pista, confundindo os empurradores do primeiro carro, que entraram na avenida. A direção de Harmonia tentou desesperadamente contê-los, mas o cronômetro foi disparado.

O desfile começou com um simples pede-passagem com o título do enredo e a coroa imperiana. O conjunto visual, embora com mais recursos do que em 1978, ainda assim não foi dos mais auspiciosos, mas até que o carro da Atlântida deixou boa impressão. As fantasias respeitaram as cores da escola, o que rendeu uma boa visão de conjunto.

O samba-enredo, embora correto, não era dos mais empolgantes da rica história imperiana e nem o grande cantor Roberto Ribeiro conseguiu levantar o público, que ainda não lotava os setores de arquibancada. Só mesmo a bateria se salvou, já que os componentes passaram sem grande animação.

O grande destaque do desfile imperiano foi a famosa ala Sente o Drama, que tinha diversos casais de mestre-sala e porta-bandeira em passos marcados num claro protesto contra a extinção do quesito.  A ala conquistou o prêmio da categoria no júri do Estandarte de Ouro, de O Globo.

O Império deixou a pista sem grandes problemas mas ficou uma sensação de quero mais, já que o enredo não se mostrou de fácil compreensão para o público e, de fato, faltou um samba mais inspirado.

A tradicional Unidos de São Carlos foi a segunda agremiação a romper pela Sapucaí e prestou uma singela homenagem à Deixa Falar, considerada a primeira escola de samba do Rio. No entanto, alguns percalços atrapalharam o desfile.

O primeiro foi a falta de recursos patente, que resultou em alegorias muito simples. O abre-alas, por exemplo, era muito pequeno e em termos de tamanho mais parecia um tripé, com algumas mulatas. O carnavalesco Francisco Fabian preferiu distribuir alegorias de mão e tripés, o que até rendeu um bom efeito.

Algumas alas tinham passo marcado como a que representava a capoeira e os figurinos, que respeitavam o vermelho e branco da escola, representavam trajes típicos do Carnaval de outrora, da época em que surgiu a Deixa Falar, nos anos 1920.

Sem estar inchada, pois tinha menos de 2 mil figurantes, a São Carlos vinha evoluindo de forma alegre e espontânea, já que o samba-enredo, cantado por uma intérprete (Zaíra), era agradável e a bateria, a exemplo do que ocorrera em 1979, foi o destaque absoluto da apresentação. Mas aconteceu um grave incidente, que comprometeu o restante do desfile.

O tradicional desfilante dos concursos de fantasias Mauro Rosas vinha acenando do alto de uma alegoria que tinha escritos os nomes dos pioneiros do samba como Ismael, quando se desequilibrou bem em frente ao camarote em que estava Chacrinha. Ele caiu de uma altura de mais de cinco metros diretamente no asfalto (veja no vídeo abaixo a partir de 6:00). Como ele pesava mais de 100 quilos e a linda fantasia em branco e dourado (foto), mais de 70, o impacto foi violentíssimo. Mauro quebrou sete costelas, teve um pulmão perfurado, mas sobreviveu após ficar internado por semanas.

“Fiquei emocionado e tentei me virar para retribuir os aplausos. Procurei então me agarrar ao pau que servia de corrimão e tive uma incrível sensação de vazio. Durante a trajetória no ar, pensei na Santíssima Trindade. Para não cair de cabeça, consegui virar o corpo no espaço e bati no chão com o ombro direito”, explicou Mauro na época à revista Manchete.

Depois da queda do destaque, houve preocupação geral na pista e o restante do desfile ficou em segundo plano. As alas, evidentemente, não evoluíram com o mesmo entusiasmo.

A Unidos de Vila Isabel retornou ao primeiro grupo em 1980 e fez uma das melhores apresentações de sua história, seguramente a melhor até aquele ano – o Migão escreveu sobre esse desfile. O enredo “Sonho de um Sonho” rendeu um desfile visualmente brilhante, com um samba que entrou para antologia do Carnaval – veja mais nas Curiosidades.

Em tempos (ainda) de ditadura militar, o poema de Drummond sonhava com uma sociedade mais democrática, com justiça social e liberdade para o povo. E com esse espírito, a Vila pisou forte na Sapucaí, cantando sua mensagem a plenos pulmões e levando junto o público, que finalmente lotava a arquibancada.

Plasticamente, a Vila passou com alegorias não tão grandes, mas muito bem acabadas. A comissão de frente era formada por jovens bem vestidos e o abre-alas tinha grandes cavalos alados ladeados por homens negros, e era o prenúncio de um excelente desfile.

Uma forma que os carnavalescos encontraram para otimizar o orçamento foi o uso de apenas materiais nacionais, como acrílico, acetato e isopor, como destacou Fernando Costa em entrevista à TV Globo antes do desfile – Silvio Cunha também era um dos responsáveis pela confecção do desfile. Os carnavalescos usaram e abusaram de espelhos nos carros e tripés o que funcionou.

Agradou muito a divisão cromática, com muito branco e azul característicos da Vila e o dourado e prateado apenas pontuando as fantasias. Havia espaço para figurinos mais luxuosos e outros mais leves, sem entretanto que o conjunto fosse prejudicado.

Segundo a sinopse, o desfile era dividido em três partes: “a liberdade de sonho”, com aves misteriosas, borboletas encantadas e heróis que já não são mais, “o sonho do adolescente”, com as doces ilusões dos novos ideais e as paixões que nascem sem a menor maldade dos dias da adulta ilusão, e “ultra-sonho”, o quase delírio, beleza, o mundo ideal.

A  bateria de Mestre Ernesto teve excelente atuação e foi agraciada com o Estandarte de Ouro, enquanto o cantor Marcos Moran se firmava como voz da agremiação em seu segundo carnaval. Mesmo com 3 mil componentes, a evolução foi contínua e sem problemas.

A Vila deixou a pista sob os gritos de “já ganhou”, o que era bastante raro para uma escola que era apenas a terceira a desfilar. No entanto, as últimas alas atravessaram o samba porque a bateria desfilou no começo da escola, o que foi um equívoco da direção de Harmonia.

O Salgueiro sucedeu a Vila Isabel e não fez uma das mais lembradas apresentações de sua rica história. O enredo “O bailar dos ventos – relampejou, mas não choveu” foi desenvolvido por Ney Ayan e Jorge Nascimento em poucos meses – após mudança na diretoria e enredo – e falava sobre o Candomblé e entidades como Oyá, Odé e Oxóssi.

O samba-enredo foi encomendado à Ala de Compositores em cima da hora, já que a gravação do disco estava próxima e, apesar de correto e de boa melodia, não empolgou o público e os componentes não passaram com a garra característica do Salgueiro.

A divisão cromática também foi confusa, com a escola começando seu desfile de preto, e ainda tendo fantasias em verde, rosa, azul e laranja. O vermelho e branco apareceram apenas do meio para o fim do desfile, e isso rendeu críticas pesadas por suposta uma descaracterização da escola.

“Não entendi bem por que abrir mão do vermelho e branco, o que era uma grande vantagem do Salgueiro sobre as outras escolas, mesmo porque o vermelho é uma das cores mais utilizadas na arte africana. Infelizmente essa tradição da identidade visual está desaparecendo, particularmente não gosto. Já imaginaram o Flamengo jogando de azul?”, questionou o cenógrafo Mauro Monteiro na transmissão da Globo.

Para que se tenha uma ideia, um diabo e um grande cifre preto no abre-alas abriram o desfile. Não houve problemas de acabamento nas alegorias, tampouco nas fantasias, mas o enredo realmente não causou empatia, tampouco proporcionou um desfile impactante.

Fato é que o Salgueiro vivia uma grave crise política e a própria mudança repentina do enredo não ajudou. Num ano para o salgueirense esquecer, salvou-se a bateria, que valorizou o samba e teve uma das melhores atuações do ano. E foi só.

Quem voltou a brilhar depois de uma apresentação criticada foi a Beija-Flor. Numa temática diametralmente oposta à do ano anterior, Joãozinho Trinta planejou o enredo “O Sol da Meia-Noite, uma Viagem ao País das Maravilhas”.

A ideia surgiu depois de o carnavalesco perguntar a uma criança de oito anos o que ela sonhava ver um dia e ouvir a seguinte resposta: “o sol na meia-noite”. Daí,  João teve o estalo de reproduzir o imaginário das crianças na avenida.

As alegorias da Beija-Flor eram grandes, mas não gigantes como em 1979, e transmitiam bem a proposta do enredo, com soldadinhos de chumbo, piões e carrossel. O carro que trazia a carruagem da Cinderela foi um dos destaques da Azul e Branco, bem como a Branca de Neve negra ladeada pelos sete anões. Outro elemento muito bem realizado foi a que o macaco salvava o Dom Ratão de uma panela de feijão, e gostei muito também do carro do jogo de xadrez.

Mais um ponto criticado do desfile anterior, a divisão cromática pesada foi revista e as cores escolhidas por João 30 proporcionaram uma linda visão de conjunto. Conforme o enredo pedia, os figurinos também eram mais leves, e a evolução da Beija-Flor foi praticamente perfeita por toda a pista.

Numa safra de excelente qualidade em 1980, o samba-enredo da Beija-Flor era um dos melhores do ano. Mas curiosamente o refrão mais cantado tinha uma licença poética, pois o trecho da língua do “pê” “pê bê, pê ru, pê xá…”, simbolizando as sílabas da palavra bruxa, deveriam ser cantados “pê bru – pê xá…”

Mas o samba passou muitíssimo bem, graças também a uma bateria mais cadenciada do que em 1979. Assim como ocorrera no desfile da Vila Isabel, o público se manifestou com entusiasmo e a Beija-Flor deixou a Sapucaí sob os gritos de “já ganhou”.

“O carnaval da Beija-Flor é o carnaval de todo mundo, é o carnaval de Nilópolis, de todos os componentes, é o carnaval do povo! O que vale é essa vibração, essa alegria, o resultado já está no nosso coração. A reação do público foi maravilhosa, cantou e aplaudiu a gente! Um beijo para todos!”, disse um eufórico Joãozinho Trinta após o desfile.

Uma Mocidade Independente pisou na avenida de forma bastante diferente em relação àquela que conquistou o título de 1979. Saíram o carnavalesco Arlindo Rodrigues e a estética clássica e entraram Fernando Pinto e a estética nacionalista para a defesa do enredo “Tropicália Maravilha”.

Em entrevista exibida pela TV Globo antes do desfile, Fernando Pinto elogiou o trabalho de Arlindo mas deixou claro que vinha para deixar marcado seu estilo – o que diga-se de passagem de fato ocorreu na década de 1980.

“Arlindo é uma pessoa que eu gosto, sempre me telefonou, mas a maior responsabilidade maior é entrar numa escola que ganhou o campeonato. O Arlindo tem um trabalho excelente mas não tem nada a ver com o que eu faço”, cravou.

O desfile começou com o quadro “Em se plantando tudo dá”, lembrando a riqueza de frutas e legumes do Brasil. Em seguida, o quadro “O cravo brigou com a rosa por causa da margarida gostosa” exaltou a flora de forma bem-humorada o aspecto popular da margarida ante à tradição da rosa, enquanto o quadro “As aves que aqui gorjeiam e as que não gorjeiam” lembrava os animais. O quinto quadro era “Ser ou não ser, tupi até morrer”, destacou a natureza e os habitantes do país e, por fim “Oropa, França e Bahia” mostrou as culturas estrangeiras no Brasil.

As alegorias e fantasias tinham o verde e amarelo que caracterizavam bem a estética de Fernando Pinto. Em todo o desfile, de fato, havia muitas frutas, inclusive formando uma embarcação, e outras eram representadas em diversos tripés que tiveram belo efeito.

O samba-enredo era correto, embora não fosse dos mais lembrados da safra de 1980, mas Ney Vianna teve a atuação competente de costume e a bateria de Mestre André deu o recado, com direito a ótimas convenções como no trecho da letra “Terra boa, tudo que se planta dá” – os ritmistas vestiam camisas com estampas havaianas e óculos Ray Ban falsificados.

No fim, a Mocidade ainda apresentou seu lado político ao levar para a avenida uma alegoria com a inscrição Anistia, lembrando os asilados políticos que voltaram ao país no ano anterior – a ditadura militar ainda continuaria no Brasil por mais cinco anos.

A Mocidade deixou a Sapucaí com expectativas de ficar bem colocada, mas numa posição um tanto inferior aos excelentes desfiles da Vila Isabel e da Beija-Flor por causa de problemas de evolução.

Já a Mangueira não fez um carnaval que tivesse deixado saudade. O enredo “Coisas Nossas” levou para a avenida o mar, os índios, o futebol, a música, a noite, o jogo de baralho e as típicas religiões afro-brasileiras, mas o desfile teve diversos senões que comprometeram as chances da Verde e Rosa de brigar pelas primeiras colocações.

As carnavalescas Liana Silveira e Érica Cirne prometeram preservar os tradicionais verde e rosa da escola num visual mais luxuoso, mas na pista a divisão cromática apresentou diversas cores, o que não agradou aos puristas. A Manga nunca se apresentou com tantos tripés e alegorias de mão e algumas, de fato, funcionaram bem no conjunto, outras nem tanto – foram quatro carros e dezenas de tripés. A torre de petróleo da Petrobrás (no tempo em que havia acento…) era iluminada em néon verde e rosa.

Aliás, a Mangueira desfilou com estimados 3.500 componentes, um exagero para a época, e a evolução acabou sendo confusa, já que a pista era mais estreita do que no atual sambódromo, e dar vazão a essa gente toda foi complicado –  no fim houve uma certa correria para que a escola não estourasse os 70 minutos regulamentares.

O criticadíssimo samba-enredo por incrível que pareça foi muito cantado pelos componentes, com atuações espetaculares da bateria de mestre Waldomiro e de Jamelão no canto. Mas era um consenso de que o samba seria punido na apuração, afinal o famigerado refrão principal “Quem vai mais, quem vai mais / Pode parar que o galho é valete e ás” era considerado pavoroso.

Mas a imagem mais emblemática e lamentável do Carnaval de 1980 foi a do craque Mané Garrincha sentado numa alegoria que representava o futebol. Ele estava completamente apático, como se estivesse dopado, acenando de forma triste e sob a visão estarrecida do público e dos telespectadores. Pelé estava num camarote e gritou seu nome mas não foi reconhecido pelo ex-companheiro. O Rei lhe jogou um colar havaiano, que foi colocado em Garrincha por um diretor da escola.

Por outro lado, no ano em que o quesito Mestre-Sala e Porta-Bandeira foi extinto, os destaques da apresentação da Mangueira foram Neide, em seu último desfile (veja nas Curiosidades), e Mocinha, agraciada com o Estandarte de Ouro mesmo sendo a segunda porta-bandeira da escola.

“A escola passou, somente passou, mas com um desenvolvimento de enredo extremamente pouco imaginoso, não-criativo. Mesmo com um samba ruim, os mangueirenses cantam a todo pulmão, e isso significa amor, tradição, respeito, devoção e dedicação à velha escola. A Mangueira vive um grande dilema: ou assume os tempos contemporâneos, o novo padrão de desfile, diminuindo o absurdo número de desfilantes, modernizando também seu comportamento visual e cênico, buscando carnavalescos de categoria, ou vai acabar se despedaçando”, disparou o pesquisador Ricardo Cravo Albin na transmissão da Globo.

Se a Mangueira decepcionou, a Portela fez uma apresentação brilhante para se candidatar ao título com força. Sob a batuta do carnavalesco Viriato Ferreira, a Majestade do Samba apresentou um samba de primeira, um conjunto visual lindíssimo e uma vibração que contagiou o público com o enredo “Hoje tem marmelada”.

No entanto, uma ausência seria bastante sentida. A inesquecível porta-bandeira Vilma Nascimento decidiu não desfilar em protesto contra o presidente Carlinhos Maracanã. Reza a lenda que a extinção do quesito Mestre-Sala e Porta-Bandeira foi arquitetada pelo próprio dirigente justamente pelo fato de a Portela não contar com Vilma. Esta, ao ser entrevistada pela Globo num camarote durante o desfile da Mocidade, disparou:

“É um problema interno da escola, eu acho que a escola vem sendo mal administrada pelos dirigentes que estão na Portela. Então eu resolvi comprar essa briga e me afastar. Eles dizem que eu sou uma simples porta-bandeira, só tenho que dançar e não me meter na parte administrativa. Eles devem satisfação não só a mim como a todos os portelenses. Na hora em que a minha casa foi para penhora para pagar o Portelão, eu servi para assinar. E agora? Para saber o que está acontecendo dentro da escola, para onde vai o dinheiro da escola, eu não posso saber…”

Problemas à parte, um lindo desfile começou com o surgimento da majestosa águia branca no começo da pista. Viriato Ferreira levou à pista alas maravilhosas sobre todos os aspectos e personagens de um circo: palhaços, mágicos, mulheres barbadas, índios, mulher vestida de tigre, homens em cima de pernas de pau, entre outras coisas.

Conforme o enredo pedia, os excelentes figurinos renderam um visual multicolorido, mas sem deixar de lado o azul e branco da Portela. As alegorias também tiveram alto nível, com direito a globo da morte, picadeiro, selva com um contorcionista vestido de gorila e jogo das facas. Até o circo chinês foi lembrado numa parte do desfile.

O samba-enredo arrasa-quarteirão de David Corrêa, Norival Reis e Jorge Macedo foi entoado de cabo a rabo na Sapucaí e até Jamelão deu as caras para cantá-lo na avenida, vestido de azul. A imortal Clara Nunes desfilou luxuosa e feliz da vida à frente da Velha Guarda. A bateria de Mestre Cinco impôs um andamento perfeito ao samba, sem cadenciá-lo em excesso tampouco sem acelerá-lo.

No fim, palhaços antigos como Carequinha, Fuzarca, Torresmo, Piolim, Pente fino e Treme-treme receberam uma linda e justa homenagem. A Portela deixou a pista ao amanhecer sob gritos de “é campeã” e “já ganhou”, mas a batalha com a Beija-Flor seria indigesta.

Já com o sol iluminando a Sapucaí, outro desfile de ótimo nível no grande Carnaval de 1980 foi o da União da Ilha, penúltima a entrar na pista. O enredo “Bom, Bonito e Barato” homenageava a própria escola e exaltava a característica da Tricolor de realizar grandes desfiles mesmo sem contar com grandes orçamentos.

Os cinco enredos da Ilha no primeiro grupo foram lembrados, como “Nos Confins de Vila Monte” (1975), “Poemas de Máscara e Sonho” (1976), “Domingo” (1977), “O Amanhã” (1978) e “O que Será?” (1979).

A exemplo do que havia acontecido no ano anterior, a concepção da escola ficou a cargo de Adalberto Sampaio, que preservou as características da Ilha desde os tempos de Maria Augusta. A divisão cromática, portanto, foi multicolorida, mas não deixando de lado o azul, vermelho e branco da escola.

Os componentes das alas tinham diversos adereços de mão, mas isso não atrapalhou a evolução, que foi vibrante do começo ao fim. Isso porque o samba-enredo de Robertinho Devagar e parceiros também caiu no gosto popular, o que impulsionou a escola.

Pena que na parte final a Harmonia tenha tido problemas porque a excepcional bateria deixou o box muito cedo, o que fez as últimas alas atravessarem o canto. Mesmo assim, mais um momento agradável da Tricolor insulana.

O último desfile do ano manteve o pique de praticamente todo o marcante Carnaval de 1980. Como dizia o grande samba, “Reluzente como a luz do dia / Bela e formosa como as ondas do mar / Encantadora e feliz, chega a Imperatriz / Fazendo o povo vibrar”.

Às 7h15, a Imperatriz Leopoldinense do carnavalesco campeão de 1979 Arlindo Rodrigues começou a apresentar o enredo “O Que é Que a Bahia Tem?”. Com um grande investimento de Cr$ 14 milhões (o equivalente na época a 300 mil dólares) e o comando do patrono Luizinho Drumond, a Verde e Branco passou linda como nunca até então.

Antes do abre-alas, um pede-passagem lembrava do fundador da escola Amaury Jório, falecido semanas antes do Carnaval. Dali em diante, o que se viu foi um festival de deslumbrantes alegorias e fantasias que retrataram os costumes, culinária, religiosidade e aspectos da Bahia.

A cantora baiana Gal Costa foi o destaque do abre-alas, que tinha adereços giratórios iguais aos tripés que o ladeavam, além de representações douradas da conhecida vegetação das praias baianas. A seguir, diversas alas muito bem vestidas simbolizavam as típicas baianas.

Aliás, a alas das baianas foi posicionada cedo no desfile e tinha os tradicionais quitutes, além de uma excelente evolução pela pista, arrancando aplausos. Diga-se de passagem, mesmo com sol forte, o público não arredou o pé da Sapucaí e cantou junto o samba até o fim.

Samba-enredo este composto e cantado por Dominguinhos do Estácio (que teve Darcy como parceiro na composição) do alto do carro de som e teve rendimento espetacular. A bateria de Mestre Nei também teve excelente desempenho, com os tamborins “falando” bem alto, como mandam as melhores tradições gresilenses, e um excelente figurino dos ritmistas em branco.

As alegorias tinham diversos elementos espelhados, o que produzia lindo efeito com a luz do sol, mas talvez a imagem mais marcante do desfile da Imperatriz em 1980 – e que ficaria para a história – era a dos tripés giratórios com bonecos de baianas e seus tabuleiros, de concepção e acabamento incríveis.

Não faltaram também os elementos que tratavam do candomblé e dos orixás típicos da Bahia, além painéis em homenagem a Mãe Menininha do Gantois, Caymmi e outros baianos ilustres. A divisão cromática desse setor, diga-se, tinha uma mistura de cores que encheu os olhos e em nenhum momento pareceu pesada.

O único senão da Imperatriz foi observado em evolução, com um buraco quando a bateria estava no box e uma das alegorias passou com lentidão. Restava saber se isso iria pesar numa apuração apertada como prometia ser. De qualquer forma, uma exibição arrebatadora da Verde e Branco de Ramos.

REPERCUSSÃO E APURAÇÃO

Num Carnaval muito equilibrado e considerado dos melhores da história, a Portela ganhou os dois prêmios mais cobiçados do Estandarte de Ouro, de “O Globo”, no caso Melhor Escola e Melhor Comunicação com o Público. Mas a Beija-Flor também era considerada uma das favoritas, com possibilidades ainda para Imperatriz, Mocidade e Vila Isabel.

Por outro lado, o júri da TV Globo, que conferia notas de 1 a 10 nos quesitos oficiais, deu empate com notas máximas para Portela e Beija-Flor (80), seguidas por Imperatriz (76), Vila Isabel (75) e União da Ilha (74).

Como praxe naqueles tempos, a apuração foi bastante tumultuada. Ainda antes da abertura dos envelopes, o presidente da Vila Isabel, Miro, foi até a mesa de apuração e exigiu a anulação da nota de samba-enredo por uma suposta quebra de sigilo do jurado Wilson Falcão. Miro ameaçou:

“Vou quebrar o pau aqui dentro se derem 9 para o samba da Vila!”

E o pior é que esta seria mesmo a nota, lembrando que a escola do bairro de Noel levou o prêmio do Estandarte de Ouro no quesito.

Para botar mais lenha na fogueira, de acordo com “O Globo”, Wilson Falcão cochilou no desfile do Império e capotou na cabine durante a passagem da Vila Isabel, acordando quase duas horas depois quando a bateria da Mocidade chegou.

Já Anísio Abraão David, da Beija-Flor, e Djalma Arruda, da Mangueira, exigiram ainda o cumprimento de um suposto acordo entre os diretores das escolas de que deveria haver desempate. Mas Castor de Andrade, da Mocidade, e Luizinho Drumond, da Imperatriz, discordavam. Depois de uma hora de discussão, ficou acordado que não haveria desempate mesmo.

A apuração foi inteiramente dominada por Beija-Flor, Portela e Imperatriz Leopoldinense, que conquistaram notas máximas de todos os sete jurados e obtiveram ainda as bonificações de cronometragem e concentração. As três foram declaradas campeãs com 93 pontos.

Vila Isabel, União da Ilha e Mocidade terminaram com 88 pontos enquanto vieram a seguir Salgueiro, Mangueira, Império Serrano e São Carlos, única escola rebaixada.

No confuso e contestado julgamento de 1980, as notas mais criticadas foram as de Bateria. Único julgador do quesito, José Adílson Werneck deu nota 10 a todas as dez agremiações. Segundo “O Globo”, o jurado ainda ficava batucando na mesa durante os desfiles e na passagem da Imperatriz ficou tocando tamborim na cabine.

CLASSIFICAÇÃO FINAL

POS. ESCOLA PONTOS
Beija-Flor de Nilópolis 93
Imperatriz Leopoldinense 93
Portela 93
Mocidade Independente de Padre Miguel 88
União da Ilha do Governador 88
Unidos de Vila Isabel 88
Acadêmicos do Salgueiro 87
Estação Primeira de Mangueira 82
Império Serrano 80
Unidos de São Carlos 70 (rebaixada)

O resultado oficial mostrou Vila, Ilha e Mocidade vice-campeãs com três escolas à frente na classificação o Salgueiro em terceiro com seis escolas à frente, o que não agrada nem a mim nem ao Migão. É claro que não vamos mudar a história, mas resolvemos acrescentar uma classificação diferenciada, como ocorrem nas competições esportivas quando há empates, para mostrar a realidade do que se viu na pista.

RESULTADO PARALELO

POS. ESCOLA PONTOS
Beija-Flor de Nilópolis 93
Imperatriz Leopoldinense 93
Portela 93
Mocidade Independente de Padre Miguel 88
União da Ilha do Governador 88
Unidos de Vila Isabel 88
Acadêmicos do Salgueiro 87
Estação Primeira de Mangueira 82
Império Serrano 80
10º Unidos de São Carlos 70 (rebaixada)

O presidente portelense Carlinhos Maracanã passou mal de emoção com o título da Portela mas depois se recuperou. Já Luizinho Drumond foi carregado pelos torcedores da Imperatriz.

“Estou realizado na vida! A Imperatriz faz parte dela e jurei que minha escola seria campeã. Pode haver felicidade maior do que esta?”, comemorou.

No Grupo 1B, o destaque absoluto foi o espetacular desfile da Unidos da Tijuca, com o enredo homenageando Delmiro Gouveia, industrial cearense que criou a primeira usina hidrelétrica do Brasil na cidade baiana de Paulo Afonso, liderou o mercado de linhas de costura e foi assassinado após desafiar as multinacionais estrangeiras por não vender a usina.

A Tijuca tinha um Dream Team, com Laíla na direção de Harmonia, Neguinho da Beija-Flor puxando o samba na avenida e um Renato Lage com apenas 31 anos de idade na concepção de lindas alegorias e fantasias em tons claros ao lado de Paulo César Cardoso.

E o que falar do samba-enredo de Ciomar, Adriano Adauto e Ronaldo? Simplesmente é considerado um dos melhores da história da escola e ainda teve uma bateria muito cadenciada a sustentá-lo na Sapucaí.

Curiosamente a Tijuca não obteve nota máxima em apenas um quesito, justamente Bateria. Mesmo assim, terminou cinco pontos à frente do vice-campeão Arranco do Engenho de Dentro. Caíram São Clemente e Unidos da Ponte.

No Grupo 2A, o título ficou com a Acadêmicos de Santa Cruz, com um enredo homenageando a Quinta da Boa Vista. Também subiu para o Grupo 1B a União de Jacarepaguá.

CURIOSIDADES

– O tríplice empate entre Beija-Flor, Portela e Imperatriz marcou o penúltimo título dividido na história dos desfiles do primeiro grupo. Em 1998, houve igualdade entre Mangueira e Beija-Flor, que foram declaradas campeãs. Nove anos antes, a Beija-Flor somou a mesma pontuação da Imperatriz mas perdeu o caneco no desempate.

– Pela primeira e única vez na história dos desfiles das escolas de samba, três escolas obtiveram notas máximas de todos os jurados e, consequentemente, chegaram ao título.

– Foi o último desfile da lendária porta-bandeira mangueirense Neide. Ela, que tinha câncer no útero, sempre escondeu a doença com medo de ser impedida de desfilar. E mais: se recusava a receber tratamento convencional e buscava terapias alternativas e espirituais. Não deu certo e Neide morreu com apenas 40 anos.

– Foi o primeiro título de Dominguinhos do Estácio no primeiro grupo como cantor principal. Em 1981 e 1989 ele voltaria a ser campeão pela Imperatriz e depois ainda conseguiria a proeza de ser a voz oficial da campeã por outras duas escolas diferentes (Estácio, em 1992, e Viradouro, em 1997).

– Oficialmente, o vice-campeonato de 1980 é até hoje o melhor resultado da história da União da Ilha, embora três escolas tenham terminado à frente dela na classificação. Com a Vila Isabel, aconteceu o mesmo até o título de 1988. Por outro lado a Mangueira, mesmo tendo ficado em quarto no resultado oficial, acabou atrás de sete escolas, o que num julgamento sem empates teria sido a pior posição da escola até então, em oitavo.

– Na brilhante biografia de Garrincha escrita pelo jornalista Ruy Castro, a descrição do que houve com o Mané após o desfile da Mangueira foi assim: “Queriam pô-lo a salvo num táxi. Joelle ouviu quando Garrincha, com dificuldade perguntou ‘O pessoal gostou? Estava bom? A escola é fantástica’. Não tinha consciência do espetáculo triste que havia proporcionado. Um dos diretores quis saber se estava sentindo-se bem. Garrincha respondeu como se alguém falasse por ele: ‘Tá tudo bem’ – e depois de uma pausa – Tá tudo ótimo'”. Garrincha morreu em 20 de janeiro de 1983, de cirrose hepática devido ao alcoolismo.

– Fernando Pamplona iniciou em 1980 uma inesquecível trajetória nas transmissões dos desfiles das escolas de samba pela TV. No seu primeiro ano, ele comandou a equipe da TVE. Na Globo, seguia a equipe com Hilton Gomes e Léo Batista se revezando na locução e Haroldo Costa liderando os comentaristas, que sempre avaliavam as escolas dando notas ao fim de cada desfile. A Tupi, em seu último ano de existência, também transmitiu os desfiles.

– Chamaram a atenção nos camarotes a presença do bicampeão mundial de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi, que estava no espaço reservado por Castor de Andrade mas ainda assim elegeu a Beija-Flor como a melhor escola. e a do prefeito de Jerusalém, Teddy Kollek, que chegou a preocupar as autoridades por ter sumido, mas apenas tinha trocado de hotel e ido direto para a Sapucaí.

– O Carnaval de 1980 marcou o último desfile com Mestre André à frente dos ritmistas da Mocidade Independente de Padre Miguel. Em novembro, ele morreu após um infarto fulminante.

CANTINHO DO EDITOR (por Pedro Migão)

O enredo da Portela foi decidido ainda na mesa da apuração do carnaval de 1979. O presidente Carlinhos Maracanã gritou “Hoje tem Marmelada!” e o carnavalesco Viriato Ferreira, imediatamente, retrucou: “Taí o nosso enredo!”

Consta que na explicação que deu aos compositores para descrever o enredo, o carnavalesco Joãozinho Trinta disse que iria abrir seu desfile com soldadinhos de chumbo recebendo cavalos alados. Coincidentemente, o samba que foi para a avenida começava exatamente desta forma.

Aliás, pessoas com mais vivência no meio com quem conversei juram que este samba da Beija-Flor é de autoria do próprio Joãozinho Trinta.

Amauri Jório, além de dirigente da Imperatriz Leopoldinense, foi presidente por vários anos da Associação das Escolas de Samba, entidade que com a Riotur coordenava o desfile naqueles tempos. Como escrevi em artigo de 2015, coube a Jório comandar a obtenção de conquistas importantes para as escolas na década de 70, tais como o direito de arena da transmissão da TV e a construção de uma sede própria no bairro do Méier. Tal qual Mestre André, Jório faleceu devido a problemas cardíacos.

Mestre André que, segundo conta o livro “Estrela que me faz sonhar” (Bárbara Pereira) sobre a história da Mocidade Independente, lançado há cerca de dois anos, estava na casa de uma de suas namoradas quando sofreu o ataque cardíaco fatal.

Não encontrei registro no YouTube, mas ano passado alguém com acesso aos arquivos da Rede Globo de Televisão vazou inadvertidamente um vídeo completo do desfile da Unidos da Tijuca com ótima qualidade de imagem. Cheguei a ver na íntegra em uma rede social, mas não consegui salvar. Este desfile marca a estreia de Renato Lage como carnavalesco e quebra um jejum de 21 anos sem a agremiação desfilar no grupo principal, então 1A.

Pessoalmente, adoto para este carnaval a classificação que considero correta, respeitando o número de escolas com pontuação acima. Acho inadequado a escola ser considerada “vice-campeã” quando três agremiações ficaram à frente dela. Se fosse nas Olimpíadas, por exemplo, Portela, Beija Flor e Imperatriz receberiam medalha de ouro e não haveria medalhas de prata e bronze.

VÍDEOS

A apresentação que deu o campeonato à Beija-Flor

O lindo desfile do primeiro título da Imperatriz

A Portela campeã na avenida

A grande exibição da Vila Isabel

Fotos: O Globo, Manchete e reproduções de internet

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13 Replies to “1980: Desfile épico, sambas históricos e três campeãs num ano de regulamento confuso”

  1. Muito bom relembrar o primeiro carnaval ganho pela minha Imperatriz – ainda que dividido. Ano de grandes sambas, de enredos muito bacanas – especialmente o da Vila Isabel. Um momento épico da Marquês de Sapucaí.

    Aliás, por falar na Imperatriz, que bem fez para a escola trazer o Arlindo Rodrigues. O Luizinho Drummond não economizava. Muito, mas muito diferente dos dias atuais. Conversando com o Migão – e dou razão a ele – a GRESIL virou trampolim para integrantes vindos do grupo de Acesso se destacarem e alçarem voos mais altos em outros setores do desfile.

    Voltando ao carnaval de 1980, na transmissão do desfile da Vila Isabel, o Hilton Gomes citou entre os autores do samba, além do Martinho da Vila, os compositores Beto Sem Braço e Gemeu. Procede essa participação de ambos na elaboração da letra ou da melodia?

    1. Que eu saína, não. Oficialmente os outros compositores foram Rodolpho e Tião Graúna, este aliás entrevistado pela Globo antes do desfile.

      1. Na Samba de Terça sobre este desfile, linkada no texto, eu faço este registro. Se foram anunciados na transmissão de tv, é porque são autores sim. Vale lembrar que Aluisio Machado também andou transitando entre as duas escolas.

        1. O que não deixa de ser curioso porque o Tião e o Rodolpho foram entrevistados antes do desfile como autores kkkk

  2. A cena do Mané abatido é uma das mais deprimentes do carnaval. Dá uma tristeza só de ver…

    Seja vice ou quarto, é o melhor resultado da Ilha junto com 94 e 2014.

    Cabe uma pergunta de um curioso: e se os quesitos excluídos valessem, em que pontos viriam a alterar no resultado?

    O triplo empate consagrou pelo segundo ano consecutivo uma campeã inédita à época – depois da Mocidade no ano anterior, a Imperatriz. Foi a última vez que isso aconteceu, já que tivemos outras três vencedoras inéditas, só que em anos diferentes…

  3. Belo texto, belo Carnaval, não vi, mas só de imaginar…

    As pessoas que comentei anteriormente que diziam a injustiça feita com a Portela em 1979, também dizem que a águia merecia o título sozinha em 80.

    Apesar que, pelo texto, e pelos carnavalescos envolvidos, fica difícil apontar uma vencedora. Como não vi, triplo empate justo!

  4. Pelos critérios de desempates usados antes ou depois(os temporalmente mais próximos de 1980), qual seria a verdadeira(única) campeã, Imperatirz, Portela ou Beija Flor ?

    1. Na verdade, Marco, nenhuma recebeu nota diferente de 10, então realmente não daria pra ter desempate. o maior problema no caso foi o de haver apenas um julgador por quesito. Abraço!

  5. A Ilha foi terceira também em 1977, com o antológico “Domingo”.Terminou um ponto atrás da campeã, Beija-Flor, e com a mesma pontuação da vice, a Portela. Os 7 recebidos em fantasia e metre-sala e porta-bandeira comprometaream o título. Pelo menos foi a únicar a ostentar um 10 em samba-enredo. Mais que merecido.

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