As equipes de vôlei masculina e feminina do Sesc foram lançadas na última terça-feira, no Sesc Tijuca (RJ). O evento apresentou os jogadores das duas equipes, e promoveu uma clínica de vôlei para alunos de 11 a 17 anos do programa Sesc Esporte. Do lado feminino, o técnico Bernardinho aposta na manutenção da base e na chegada da campeã mundial, a russa Tatiana Kosheleva, e da central da seleção brasileira Bia, para reinventar o time e buscar a retomada do topo no voleibol brasileiro, após o vice campeonato na última Superliga.

No entanto, o técnico sabe das dificuldades da equipe, com a aposentadoria de Fabi Alvim, que foi apresentadora do evento e foi homenageada pelo Sesc-RJ, e da saída da ponteira Gabi, que foi para o Minas, perdendo muito na linha de passe. Além disso, a Superliga promete ser muito equilibrada, com o reforço dos times de Minas, Bauru, Praia Clube, Fluminense, Barueri e Osasco, que são os principais concorrentes.

O técnico Bernardinho conversou com a coluna do Golden Set, e comentou a respeito da evolução do voleibol carioca, da expectativa sobre a Superliga da chegada da ponteira Kosheleva e das mudanças na equipe, além de falar sobre o vice campeonato mundial da seleção masculina.

Golden Set: Essa temporada o Rio de Janeiro tem três times profissionais, o que não se via há muitos anos. Como você avalia essa retomada do investimentos no voleibol carioca?
Bernardinho: É muito bom esse movimento do voleibol carioca. O Fluminense vem crescendo, e esse ano montou um time muito forte, que vai brigar para chegar nas semifinais, e eu fico muito feliz com esse investimento. É muito bom ter esses times de volta, com competidores a altura. O Flamengo dando alguns passos, mas que está com um time que não é de liga C, mas um time montado forte para ganhar a Superliga B, com jogadoras que já atuaram na Superliga A e têm experiência. É muito bacana ver esse investimento voltando a ocorrer nos times cariocas, e esse investimento também é muito em função da presença do Sesc-RJ, que é referência no voleibol nacional e atrai os olhares dos investidores para montar equipes fortes aqui no Rio.

Tem a escola Bernardinho também, que está sempre formando novos talentos, e os clubes se interessam em investir aqui. Para nós e o vôlei, isso é ótimo. Logo, logo, o Flamengo vai chegar à elite do voleibol nacional, e estão fazendo corretamente, indo aos poucos, com os pés no chão. Minha única ressalva é que tragam apenas a parte boa da torcida dos times de futebol. Parte boa que eu falo é a paixão, a torcida, e a fidelidade ao time. Mas que não levem a coisa ruim, que é a violência para o ginásio. No basquete, por exemplo, para evitar brigas de torcida, os clássicos estão sendo feitos com torcida única, o que é inviável no vôlei, pois tira a nossa essência, que é a família dentro do ginásio, todos convivendo pacificamente. Para o esporte é ótimo também que times como o Flamengo tenham equipes no vôlei, pois atrai mídia, espaço. Só tem que tomar cuidado para evitar que a violência atinja o esporte e desvirtue os valores do voleibol.

Golden Set: Qual a sua expectativa para a próxima Superliga?
Bernardinho: A Superliga será muito forte, com os times de Minas Gerais muito reforçados. Os de São Paulo também, com Barueri, Osasco, Bauru. O Fluminense também montou um bom time. Nós vamos brigar para estar no topo. Nós perdemos referências importantes, como a Fabi e a Gabi, que são desfalques pesados, e estamos buscando nos reconstruir. Sobretudo com a chegada da Kosheleva, que é uma jogadora e uma pessoa excepcional, e espero que ela consiga voltar a ser a mesma de antes e nos ajudar nessa temporada. Vai ser um início complicado, por conta dessas adaptações da equipe, mas espero que a equipe cresça ao longo da temporada e fique no topo. O Praia Clube se reforçou com a Carol, a Lloyd e a Rosamaria. O Minas montou um tripé excepcional, com a Gabi, a Natália e a Bruna Honório. A única coisa me incomodou foi a diretoria do Minas, que ofereceu proposta para a Gabi assim que acabou a semifinal da Superliga na temporada passada. Não acho bacana essa postura durante o campeonato, pois isso impactou o time. O Bauru com a Diouf, a Tifanny, a Palacio, é um time muito forte fisicamente, treinado pelo Anderson. O próprio Fluminense, com a chegada da Joycinha, da Carla, da Pri Daroit. Será uma grande disputa para ver quais times estarão na semifinal.

Golden Set: Falando de seleção masculina brasileira, qual a sua avaliação do vice campeonato mundial?
Bernardinho: Foi um ano difícil para a seleção masculina. O Lucarelli sofreu uma lesão no tendão de Aquiles na temporada passada e não jogou o Mundial, e ele é um titular da equipe. Teve a lesão do Maurício Borges durante a Liga das Nações, que estava jogando muito bem. O Lipe também não estava nas melhores condições, embora tenha ido para o sacrifício e tenha feito um excelente mundial. Eu diria que a campanha no Mundial e o vice campeonato foi um resultado excepcional, pelas condições em que a equipe estava, com alguns desfalques. Foi a quinta final seguida, com três ouros e duas pratas. Por outro lado, o Douglas, que foi muito contestado por ter feito parte da equipe na Rio 2016, cresceu e foi o grande destaque da equipe no Mundial. Além disso, ano que vem teremos o bônus do Leal, tendo a sua liberação para atuar pelo Brasil. E a volta do Lucarelli e do Maurício Borges ano que vem. O Brasil vai vir muito forte nas próximas competições, brigando sempre pelo ouro.

Golden Set: Qual o diferencial do seu time essa temporada?
Bernardinho: Na temporada passada eu não pude contar com a Gabi na maior parte da temporada, e ela era peça fundamental do esquema que eu queria implementar. Ela foi para seleção e teve que ser operada, e só jogou apenas nos playoffs. Além dela, teve a Juciely que operou os joelhos duas vezes, e as duas eram referências dos times e eu perdi as duas por boa parte da temporada. As condições do time para essa temporada são melhores. Embora eu saiba que a Drussyla não está bem, está com um problema na canela, mas esperamos recuperá-la logo. Não encontrei nenhuma passadora da característica da Gabi no mercado, e eu fiz de tudo para que ela permanecesse na equipe, mas não teve jeito. Por isso fui em busca de outra ponteira, a Kosheleva, que tem características diferentes. Ela é uma jogadora de peso, bem alta, não é tão boa como passadora nem com bola rápida, mas nós estamos trabalhando para que ela contribua e estamos mudando um pouco o nosso sistema. A Peña, por exemplo, é uma jogadora de força, de potência, não é muito de volume. Não é muito o estilo Bernardinho de jogar, mas estamos encontrando um jeito para a equipe. A equipe da Kosheleva acredita na nossa capacidade de recuperar o voleibol dela e a sua condição física. Então, criou condições para que ela viesse. No mercado internacional, nós não conseguiríamos brigar para ter uma jogadora desse nível na nossa equipe. Foi a mesma coisa com a sérvia, a Brankica Mihajlovic.

A empresa acreditou, ela encontrou seu voleibol e hoje em dia está atuando nas melhores equipes do mundo, tendo enorme gratidão pela nossa equipe. A Kosheleva é uma pessoa encantadora, que está seduzindo a todos. Ela é muito dedicada, está sempre sorridente, disposta a tudo. Ela está encantada com tudo o que está vendo. Quando chegou ao local de treinamento na Urca, viu o ginásio, o Pão de Açúcar e o mar. Vai ser um ano interessante. O que me preocupa um pouco é a linha de passe, principalmente pela perda da Fabi, que se aposentou, que foi uma grande perda para o time. A Gabiru está ainda se adaptando a essa posição de líbero. Ela é guerreira, muito trabalhadora, assim como a Vitória. E não dá para ter o peso de substituir a Fabi de uma hora para a outra. A responsabilidade tem que ser de toda a linha de passe, e não apenas da líbero. Então a Drussyla vai ter uma função importante, a Kasiely, e a própria Monique também vai participar um pouco dessa função de passe, assim como a Kosheleva. Eu espero que em um mês a Kosheleva comece a jogar, e em dois ou três meses já esteja atuando bem. O meu sonho é poder dar uma contribuição para a que a Kosheleva volte a jogar em alto nível.

Fotos: Ricardo Haleck

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18 Replies to “Bernardinho reinventa o Sesc-RJ em busca da retomada do título da Superliga”

  1. Mesmo Bernardo se mostrando bem triste pela saída da Gabi,acredito que ele montou um time totalmente adaptado pra Koshe fazer a função da Gabi.

  2. Ótima matéria!!
    Acredito que Bernandinho vai conseguir montar uma equipe a altura para conseguir um novo campeonato.
    Parabéns mais uma vez Vanessa. Bjks

  3. Excelente reportagem! Bom saber que o SESC também está investindo nas categorias de base! Precisamos muito!

  4. Que matéria!!! Ainda sofrendo com a perda da Gabi e da Fabi mas acreditando que vamos seguir fortes na superliga!!! Parabéns, Huback!!!

  5. Parabéns pela matéria! Substituir a Fabi será uma missão difícil. Mas acredito que chegaremos a mais uma final e seremos campeãs!

  6. Tio Bê ficou visivelmente magoado com a saída da Gabi. Acontece, bola pra frente! Certeza q ele tá montando a equipe da melhor maneira possível. O cara é milagreiro. Boa entrevista!

  7. Supor que a somente a torcida “boa” compareça nos ginásios é apenas um sonho. A torcida ruim já contaminou o basquete e o futsal, muitas vezes. Além disso, já vimos clubes de futebol que investem muito, desequilibram financeiramente os demais e logo após desmontam o time, sem qualquer trabalho de base. Então sou contra clubes de futebol no vôlei.

  8. A única coisa me incomodou foi a diretoria do Minas, que ofereceu proposta para a Gabi assim que acabou a semifinal da Superliga na temporada passada. Não acho bacana essa postura durante o campeonato, pois isso impactou o time. ISSO SE CHAMA ALICIAMENTO!!!!

      1. Não uma jogadora que iria jogar a final e com medo de se machucar novamente e perder a bolada que iria ganhar. Veja o ultimo jogo da final era nítido que ela não estava comprometida com o time.

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