Escrevo essa coluna no começo da madrugada de quinta-feira logo após a final da Copa “Que ninguém liga”. A notícia boa é que o Londrina venceu, o único que realmente iria comemorar esse título e dar importância a ele.

A notícia ruim é que mais uma vez foi nos pênaltis. O.K., podemos ter grandes jogos parando nos pênaltis, de cara lembro Guarani x São Paulo na final do Brasileiro de 1986, mas foi mais um 0 x 0 modorrento, chato como está o futebol brasileiro.

Como foi medíocre a final da Copa do Brasil entre Cruzeiro e Flamengo. Um Cruzeiro que se recusou a jogar na partida no Maracanã e, mesmo no Mineirão, com apoio da torcida, pouco buscou o ataque. Um Flamengo estéril, oco, arame liso, que gastou uma fortuna para montar um elenco que não sabe ganhar jogos, que não incomoda. Que não tentou vencer mesmo sabendo que a disputa por pênaltis provavelmente decretaria sua derrota.

Duas equipes medíocres, cuja final venceu quem pelo menos tinha goleiro. Medíocre é a melhor definição do futebol brasileiro atual. Passamos quatorze anos dizendo que mata-mata é melhor do que pontos corridos por ter emoção e tanto na Libertadores quanto na Copa do Brasil desse ano o quesito emoção só existiu porque a aura da eliminação, do gol que pode mudar tudo ficou no ar, jogo por jogo tivemos nada.

Os treinadores descobriram que empatar em 0 a 0 em casa em jogo eliminatório é bom porque basta um gol fora para forçar o adversário a vencer, dessa forma todo mundo “Botafogueou” esse ano, quer dizer, não agrediu o adversário jogando para sua torcida, em seus domínios porque seria desastroso tomar gol e no 0 a 0 tudo poderia acontecer.

Citei o Botafogo porque mesmo sendo uma equipe que se superou, foi bem mais além que o provável e merece todos os aplausos se acovardou nos momentos decisivos. Tanto contra o Flamengo na Copa do Brasil quanto contra o Grêmio na Libertadores não agrediu o adversário com medo de levar o gol. Pagou preço alto nas duas situações.

O time da casa não quer agredir, o de fora acha isso ótimo porque tem a oportunidade de decidir em casa e dessa forma os times “fazem um acordo do 0 a 0” transformando jogos que poderiam ser ótimos, emocionantes em medíocres. Aí alguém pode pensar “jogo da volta será bom, vai decidir tudo”. Nada disso, os times continuam com medo e agridem pouco, tentando ganhar em uma bola e se não der ir para os pênaltis decidir lá e se eximir de culpa já que “pênalti é loteria” como vimos na Copa do Brasil.

Alguém consegue imaginar um clube brasileiro com toda sua mediocridade atual e medo fazendo o que o River Plate fez revertendo um 0x3 para 8×0? Detalhe: O Jorge Wilsterman, time que tomou de 8, eliminara o Atlético Mineiro na fase anterior sem se permitir levar um gol nos dois jogos.

Mas não é só no mata-mata, o campeonato brasileiro é medíocre. Do oitavo colocado para baixo todos disputam rebaixamento, todos sem exceção ou exageros já que a diferença do oitavo para o décimo sétimo hoje é de apenas quatro pontos.

Os sete primeiros não são muito melhores. Flamengo joga um futebol ridículo, Grêmio tá se lixando pro brasileiro, Santos tem mais pontos que futebol, Cruzeiro ta de férias, Botafogo é instável em suas limitações, Palmeiras contratou 6545579 jogadores e não consegue formar um time. Resta o Corinthians.

Restava porque depois de fazer um primeiro turno histórico e maravilhoso se afundou no mar de mediocridade também. Duas vitórias (sendo uma com gol de mão), dois empates e três derrotas no returno, campanha de proximidade de Z4.

Talvez isso explique porque todos os anos o futebol brasileiro é favorito nas competições sul americanas e decepciona. Sobra arrogância, sobra mediocridade, como falava o ex-Wanderley Luxemburgo (porque nem esse existe mais) o medo de perder tira a vontade de ganhar.

E assim seguimos afundados na mediocridade.

Nunca o futebol foi tanto espelho do país como agora.

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One Reply to “O medíocre futebol brasileiro”

  1. Até concordo com parte do texto, mas em relação a uma possível covardia do Botafogo contra o Grêmio no Engenhão, discordo do colunista. Ao contrário da Copa do Brasil, a equipe atacou bastante o Grêmio, tendo boas oportunidades de gol, principalmente com uma conclusão do Bruno Silva que passou raspando a trave, e tendo ainda um pênalti não marcado. Sem contar a clara inferioridade técnica do time em relação a vários rivais…

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