Concluído o primeiro dia de desfiles do carnaval de São Paulo de 2017, o sambódromo do Anhembi estava completamente lotado para a festa e acompanhamos o desempenho de Tom Maior, Mocidade Alegre, Vila Maria, Acadêmicos do Tatuapé, Gaviões da Fiel, Acadêmicos do Tucuruvi e Águia de Ouro.

Confira o resumo e a análise do primeiro dia:

Tom Maior

A escola do Sumaré homenageou a cantora Elba Ramalho, que veio carregada por componentes como se fosse uma rainha coroada na frente do último carro, que foi destaque; assim como o abre alas em homenagem a Luiz Gonzaga e o terceiro carro sobre a peça Morte e Vida Severina, onde Elba chegou ao sucesso.

O problema se deu com a segunda alegoria, que não conseguia ficar em posição de desfile e dificultou a evolução, pois a escola teve que parar e espaçar suas alas para não ficar com um buraco.

Análise – Foi um bom desfile, a escola cantou relativamente bem e as fantasias eram muito bonitas, nos carros acho que houve uma oscilação maior. A comissão de frente teve uma coreografia boa, apenas acho que o elemento alegórico não era bonito e acredito que era dispensável.

Bruno Ribas e carro de som começaram muito bem mas caíram mais a frente, enquanto a bateria do mestre Carlão passou muito bem, com bossas difíceis de frevo, forró e xaxado.

Deve brigar por – Permanência no grupo

Mocidade Alegre

Com uma largada emocionante na introdução dos intérpretes Tiganá e Ito Melodia, a “Morada do Samba” teve um belo início com sua comissão de frente sem elemento alegórico, em seguida veio o casal de Mestre Sala e Porta Bandeira e um grandioso “pede passagem”.

Das alegorias destaque para primeira, toda em dourado, a segunda, que fala da luta com o octógono e lutadores como Rodrigo “Minotauro” e a última, que era a mais bonita, sobre o jubileu de ouro da escola.

Análise – Para os padrões Mocidade Alegre dos últimos anos ficou um pouco abaixo nas alegorias, já em fantasias foi impecável; a escola evoluiu muito bem, quesito que atrapalhou nos últimos anos e a harmonia foi boa, mas levemente inferior ao que a escola geralmente apresenta.

Mais uma vez, Mestre Sombra apostou em uma parada para a escola cantar que não funcionou tanto, mas no restante a bateria pareceu bem e o carro de som com Ito e Tiganá levou bem demais o samba; mas o grande problema é que, apesar da costumeira apresentação de qualidade, a Mocidade precisava “atropelar” por ser a segunda a desfilar, mas isso não aconteceu.

Deve brigar por – Desfile das Campeãs

Unidos de Vila Maria

Emoção desde o início com a presença do cantor Daniel no esquenta para cantar a música “Nossa Senhora” e a partir daí vimos um desfile lindíssimo, com a comissão de frente retratando a descoberta a imagem de nossa senhora por três pescadores e a ala de baianas logo no início vestida de nossa senhora.

No abre alas a escola ousou, ao separar a primeira da segunda parte por uma corda e nesse espaço encaixar componentes no chão. Já a terceira alegoria emocionou ao mostrar representações teatrais dos milagres da santa e o último carro trouxe o santuário de aparecida ao Anhembi todo em branco, com Nossa Senhora em uma grande escultura na cor prata. Ao final do desfile, surgiram alguns gritos de “é campeã” nas arquibancadas.

Análise: Foi o melhor desfile da noite. Carros lindíssimos e fantasias extremamente coerente, pois em certos momentos o enredo pedia uma vestimenta mais simples; o único porém ficou na quarta alegoria, claramente inferior às demais nas questão plástica.

O intérprete Clóvis Pê teve uma atuação impecável e sustentou o canto de uma escola que está de parabéns pela sua harmonia, era muito raro ver alguém sem cantar com muita vontade o samba. Já a bateria passou de maneira correta, sem ousar nas bossas e a evolução foi eficiente também.

Deve brigar por – Título

Acadêmicos do Tatuapé

Com o status de ter sido vice-campeã em 2016, a escola da zona leste falou da África com abre alas cheio palha, que deu beleza no acabamento; destaque também para o terceiro carro, que mostrava no continente todas as religiões estão presentes, como o catolicismo e o budismo.

Os quesitos de chão levantaram o público. Celsinho Mody e bateriam do mestre Higor contagiavam a escola, que nas bossas para eles cantarem ecoaram um lindo coral no Anhembi.

Análise – Flávio Campelo, carnavalesco e sobrinho do gênio Arlindo Rodrigues, manteve seu estilo tradicional, com carros estáticos priorizados no acabamento que estava muito bom, só as esculturas que pareceram abaixo; já as fantasias eram lindíssimas, porém muito semelhantes, não víamos tanta diferença entre as alas a não ser as cores.

No chão realmente a escola arrebentou, Celsinho cantou bem demais e bateria está de parabéns; mestre Higor veio com as cuícas na primeira fila e os agogôs fazendo lindos desenhos perto da “cozinha”, som absolutamente limpo, ouvíamos todos os instrumentos.

Deve brigar por – Desfile das Campeãs

Gaviões da Fiel

Um início arrasador dos Gaviões, que tiveram uma enorme recepção do público e encantaram desde a comissão de frente até o abre alas mais bonito desta sexta, que continha no alto um espetacular gavião.

Na terceira alegoria a rodoviária do Tietê foi representada com ônibus que se moviam embaixo e o quarto carro inovou ao trazer a frente de um caminhão com uma parede de tijolos embaixo e uma escultura dourada encima, uma mistura da simplicidade com o luxo.

Análise – A escola veio com um início fabuloso e o nível das alegorias foi alto, lembrando que a escola gabaritou neste quesito ano passado; já em fantasias a escola oscilou um pouco, mas em geral veio bem.

Os Gaviões fizeram um bom desfile, mas ao decorrer alguns pequenos erros apareciam como alas muito pequenas e o quarto setor também, a harmonia foi boa, mas outras escolas cantaram mais; o carro de som sustentou bem o samba e bateria mostrou mais uma vez que é uma das melhores de São Paulo.

Deve brigar por – Meio de tabela

Acadêmicos do Tucuruvi

Para falar dos artistas de Rua o carnavalesco Wagner Santos contou o enredo de forma histórica misturando a arte, começando pela Grécia e um abre alas com a deusa Athena tatuada, mas que tinham uns prédios atrás dos homens gregos e dificultou a alusão sobre a Grécia antiga.

Depois do carro de Roma ou outros três vieram com alusões diretas ao estilo de vida do hip hop e da arte na rua, mas eram semelhantes um ao outro, destaque para a quarta alegoria, que tinha uma ala coreografada na frente e várias manifestações artísticas.

Análise – Este foi um desfile que dividiu opiniões. De positivo o canto seguro de Alex Soares, que vai se firmando como o intérprete da escola e a bateria manteve um bom andamento para o samba que era bom de se ouvir.

Agora alguns problemas surgiram como a longa apresentação interessante comissão de frente do street dance, que prejudicou na evolução na única escola que precisou dos 65 minutos de desfile. As alegorias soaram muito parecidas, o que atrapalhou na execução do enredo, além da harmonia que oscilou no canto.

Deve brigar por – Permanência no grupo

Águia de Ouro

O desfile mais polêmico do pré-carnaval se iniciou com o dia claro e as pessoas que ficaram nas arquibancadas se divertiram, cantando o samba e vendo personagens muito conhecidos, como na terceira alegoria, que veio com Bidu, Pluto, Scooby Doo e o Super Cão; o Carro da Cruella dos 101 Dálmatas e o tripé com o Dino deitado em cima do Fred Flintstone também chamaram a atenção.

Nos dois últimos setores a mensagem era de proteção aos animais com um circo do bem no topo da quarta alegoria sem o uso deles; e no último carro foi visto um laboratório às avessas onde os animais testavam os humanos, também muito divertido.

Análise – Inegavelmente foi um desfile gostoso de se assistir, pois na maioria das alas os personagens eram de fácil leitura; achei curioso que o Amarildo mostrou alguns ícones com Dicky Vigarista e Charlie Brown, que tinham cachorros como parceiros, mas não mostrou nem Muttley, nem Snoopy. Talvez devido a restrições de uso de imagem isso tenha ocorrido.

O abre alas era bonito, mas colocar uma arca e a figura de Noé me pareceu que uma solução melhor poderia ser encontrada; no geral as alegorias eram de fácil entendimento, mas em um grau comparativo ficam um pouco abaixo de outras escolas. O samba foi muito bem cantado pelos componentes e muita gente nas arquibancadas cantou também, auxiliado pela boa bateria do mestre Juca.

Deve brigar por – Meio de tabela

Imagens: Ouro de Tolo

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7 Replies to “Análise dos desfiles de São Paulo – Sexta”

  1. A vila Maria não deve brigar por título, talvez pelas campeãs, visto os problemas visíveis de acabamento em alegoria e a evolução que não foi das melhores.

  2. Para mim, a Tatuapé fez o melhor desfile da noite. Gaviões e Águia os piores, mais ainda vejo a Tom Maior com maiores riscos que essas duas. Fiquei surpreso com o sambódromo lotado durante o desfile do Águia.

    Minha classificação:
    Tatuapé
    Mocidade
    Vila Maria
    Tucuruvi
    Tom Maior-Gaviões
    Águia

    1. Muito boa sua análise, Mocidade e Tatu foram as melhores…. Só discordo da Águia por último… Tom Maior veio com diversos problemas em alegorias e evolução.

  3. Na sexta. Tatuapé>Vila Maria>>Mocidade>Águia de Ouro>>Tucuruvi>Tom Maior>Gaviões.

    Até a Dragões: Império>Dragões>>Tatuapé>Vila Maria>>Mocidade>Águia de Ouro>>Peruche>Tucuruvi>Tom Maior>Mancha>Gaviões.

    Só que os juízes vão canetar lindamente a TM e Mancha (por terem subido do acesso e serem as primeiras a desfilar).

  4. Vila Maria irá por título sim Tatuapé desfilou sem duas composições no último carro, e o requinte das alegorias dá Vila Maria mais luxo bate qualquer problema

    1. Á A Vila Maria também veio com carro faltando integrantes, do lado esquerdo de um carro. Fora que o 4 carro estava péssimo demais, e o acabamento do 3 e 5 estava triste. Conjunto de alegorias da Tatu estava bem melhor que da Vila.

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