Após o troca troca de integrantes de agremiações e a dança das cadeiras, os preparativos para os desfiles do carnaval de 2016 estão sendo finalizados. O CD com os sambas oficiais das Escolas dos Rio de Janeiro já foi lançado e podemos considerar a primeira prévia de um desfile. Obviamente que somente letra e melodia não vencem uma disputa no carnaval, mas é o primeiro produto a ser vendido aos nossos ouvidos. Além de ser o determinante para aquele folião dizer “Esse samba me dá vontade de desfilar”.

Tendo em vista que é o trunfo para um desfile com bastante chão, empolgante, que deixe o folião à vontade de fazer parte daqueles 82 minutos de adrenalina, decidi fazer uma análise sobre o que irá impulsionar as agremiações que compõem a LIESA. Eis as análises e com ranking de minha autoria, sem me basear em qualquer outro colunista de sambas enredo, levando em consideração apenas o seu encaixe com o enredo, melodia e letra:

Estácio de Sá – Retorna ao Grupo Especial. Sua última participação no grupo de elite foi marcada pelo rebaixamento com a reedição do enredo “O ti-ti-ti do Sapoti”, que rendeu a 4ª colocação para a Estácio em 1987, 20 anos antes. Em 2016 o Leão do São Carlos traz o enredo “Salve Jorge! O Guerreiro da Fé.”, semelhante ao Império da Tijuca de 2007. Teremos a saga de São Jorge, o Santo Guerreiro, desde a Capadócia, sua fé incontestável no cristianismo, servindo de exemplo para os soldados das Cruzadas até sua execução ordenada pelo imperador Diocleciano e a expansão da fé no mártir Turco. O carnaval está sendo desenvolvido por Chico Spinosa, Tercísio Zanon e Amauri Santos.

A gravação ainda consta a voz de Leandro Santos, que se desligou da Estácio para estar somente no carro de som da Mangueira. Porém, mesmo dividindo a faixa do CD com Dominguinhos e Wander Pires, era a melhor voz da escola. Pelo enredo ser um pouco batido, mas muito bonito, o samba não poderia trazer grandes novidades sobre o tema já abordado algumas vezes. Trechos da oração de São Jorge e um samba que marca a devoção ao santo são o ponto alto. Traz dois refrões que provavelmente marcarão o canto forte da escola. Só creio que tenha uma melodia que não auxilia muito. Saindo para a primeira do samba, a alternância dos tons baixos e altos dão a cara de que teremos um samba marcheado caso o trabalho da direção não seja intenso. Até porque é uma escola recém saida da Série A, enfrentando agremiações fortíssimas. Ainda traz uma estrutura de sentença que é bastante utilizada em textos religiosos na passagem “Em proteção, orai ao glorioso Pai/Mesmo da lua por nós olhai”. Colocaria a Estácio em 11º lugar no ranking de sambas.

União da Ilha – Carnaval desenvolvido por dois carnavalescos que tenho admiração. Jack Vasconcelos, que foi estagiário de Chico Spinoza e trabalhou com Cahê Rodrigues. Trabalhou na União da Ilha de 2007 a 2009, quando a azul, vermelho e branco conseguiu ser campeã do antigo Grupo de Acesso A. Em 2015, como carnavalesco do Tuiuti, fez um desfile brilhante e surpreendente a todos, levando a azul e amarelo de São Cristóvão a ser cogitada como franca favorita a ascensão. O que não ocorreu.

Paulo Menezes volta para a União da Ilha para trabalhar com Jack novamente. Ano passado desenvolveu o carnaval da União do Parque Curicica. Também fez parte da renascença da Portela no carnaval nos anos de 2012 e 2013. Ambos são ótimos em seus trabalhos. Entretanto, creio que o enredo “Olímpico por natureza…Todo mundo se encontra no Rio” pode travar o bom trabalho dos carnavalescos. O tema sobre Olimpíadas já é abordado desde 2014 e vem ficando maçante. Em 2012, a União misturou chá com cachaça ao falar de Londres, abordando os Jogos que ocorreriam na capital inglesa.

A escolha do samba já foi polêmica levando em consideração que poucas vezes um presidente faz uma retratação por livre e espontânea vontade a fim de acalmar os ânimos de alguns setores da escola. O próprio samba faz pouquíssimas abordagens diretas às Olimpíadas. O primeiro refrão traz essa abordagem, depois citando Zeus na primeira do samba e “Os jogos vão começar” na segunda do samba. Como será desenvolvido na Avenida, só os carnavalescos poderão dizer. Mas o samba não traz muita informação olímpica. Guardo muito carinho pela União da Ilha, porém o samba não me agradou muito os ouvidos. Mestre Ciça vai ter que trabalhar e Ito Melodia vai ter que trabalhar a garganta pra desenvolver a letra e melodia ao vivo com seu ótimo carro de som, o que é um trunfo. Infelizmente, coloco o samba da União da Ilha na 12ª colocação.

Beija Flor – A agremiação nilopolitana apresentará o enredo “Mineirinho Genial! Nova Lima – Cidade Natal. Marquês de Sapucaí – O Poeta Imortal” contando a história de Cândido José de Araújo Viana, o Marquês de Sapucaí. Após o fim do carnaval do ano passado me perguntava porque nenhuma agremiação havia focado em um enredo para o Marquês de Sapucaí, explicar quem foi.

Daí aparece a Beija Flor. Por não ser fácil relatar a história de uma pessoa, delimitando-a a um enredo, o samba da azul e branco de Nilópolis é bem grande. São 38 linhas. O trunfo é ter alguém como o Laíla a frente de uma comissão de carnaval e coordenando quase todos os setores da agremiação. Logo, podemos adiantar que teremos um samba sem marchear, ritmado e cadenciado. Isso a escola sabe fazer bem. Mas creio que não seja um samba muito bom.

É um samba narrativa e esse tipo tem de ser muito bem construído melodicamente. Como fez a Imperatriz em 2008, uma das melhores narrativas em verso apresentadas no carnaval dos últimos tempos, na minha humilde opinião. Aposto em um desfile um pouco pesado e monótono. A Beija Flor em quesito samba e sua gravação, ocupa a 10ª colocação.

Grande Rio – “Fui no Itororó beber água, não achei. Mas achei a bela Santos, e por ela me apaixonei”, é o tema da verde, vermelho e branca da baixada. Sendo desenvolvido por Fabio Ricardo, que ganhou espaço no carnaval após ser revelado pela Acadêmicos da Rocinha, faz seu terceiro carnaval a frente da escola. Um sexto e um terceiro lugar precedem o carnaval de 2016 da agremiação. Se é um sinal para um possível campeonato, não sabemos. Mas ela vem trabalhando pra isso há tempos.

Teremos a cidade de Santos como foco no desfile, desde os tempos da Família Real portuguesa, até a exportação de café e o futebol com Pelé, Neymar e Robinho, apesar do terceiro nem ser abordado na letra. Maior que o samba da Beija Flor, com 42 linhas. Vai contar com a habilidade do jovem mestre Thiago Diogo, que já provou ser ótimo no rebaixamento do Porto da Pedra e durante sua passagem pela União da Ilha. Posso estar equivocado, mas mais uma vez a Grande Rio surge com um samba de pegada diferente dos demais. Não sei se por causa do intérprete Emerson Dias que consegue encaixar uma levada diferenciada, ou se já está se tornando uma característica própria da agremiação ter uma marcação parecida com de forró. 9º lugar para a Grande Rio.

Vila Isabel – Alex de Souza acerta sua volta para a escola do bairro de Noel Rosa. Seu último carnaval a frente da Vila foi em 2010, num desfile sobre Noel Rosa e um dos maiores do samba até hoje. Estava na União da Ilha até o ano passado em um ano conturbado, após um 2014 que rendeu a 4ª colocação para a azul, vermelha e branco.

“Memórias do ‘Pai Arraia’. Um Sonho Pernambucano, Um Legado Brasileiro” é o que a Vila nos trará em 2016. Faz parte da comemoração do centenário do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes. Contará desde a sua infância, no sertão nordestino, onde viu miséria, seca e fome. O samba é de autoria de Martinho da Vila, Mart’nália, André Diniz, Arlindo Cruz e Leonel. Acredito que mesmo o samba contendo 37 linhas, tenha parecido estar mais longo. Mais pela questão melódica, cadenciada. Um samba narrado em primeira pessoa, com narrador experienciador, como se fosse o próprio Miguel Arraes contando a história da sua vida.

O samba tem uma vibração muito calma, podendo explodir logo de início e ir caindo aos poucos. Mas creio que com Igor Sorriso tomando a frente do carro de som a que da possa não ocorrer ou ocorrer em menor intensidade. Levando em consideração que Igor se encontra entre os melhores do carnaval atualmente. Vide os prêmios já conquistados. O samba ainda termina e começa com passagens belíssimas como “Pra ver na Avenida meu valor na/mensageira Vila/Gente aguerrida que defende/a tradição do seu lugar/Um movimento de cultura popular” e o primeiro refrão, um convite do Pai Arraia para desfrutar da cultura pernambucana e firmar essa cultura. E a fusão do carnaval carioca com o bloco Galo da Madrugada, o mais popular do estado de Pernambuco. Coloco o samba da Vila em 6º lugar.

Salgueiro – Um dos melhores sambas já feitos na Academia do Samba. “A Ópera dos Malandros” de Renato e Marcia Lage é mais um samba de narrador em primeira pessoa, narrado por um malandro, o rei da noite, a figura íntima das estrelas do teatro de revista, o respeitado nos cabarés, admirado nas gafieiras, temido no carteado e nas brigas. Esse é o espírito do malandro carioca, incorporado nas giras das religiões africanas. Mais um ano em que as apostas giram em torno da escola do morro do Salgueiro que tem feito belos desfiles, mas pecando em certos quesitos.

Apesar de perceber a injustiça cometida ao campeonato ficar com a Beija Flor e não com o Salgueiro. Não tenho muito o que dizer sobre o samba. É muito bem construído em suas estrofes e alterações de melodias. A primeira do samba até o segundo refrão, acho impecáveis. Serginho do Porto e Leonardo Bessa vão tendo desafios cada vez maiores com o passar dos anos. Atribuo o 3º lugar para o Salgueiro

Mocidade – Após um 2015 frustrante para a verde e branco de Padre Miguel, que iria marcar a consolidação da reação da escola, tirando Paulo Viana da presidência e com o retorno do investimento da família Andrade, a Mocidade tenta algo além de um 7° lugar. Paulo Barros não superou as expectativas e a diretoria preferiu não mantê-lo em 2016. Trouxe Alexandre Louzada, da Portela, campeão com a Vila e Beija Flor e já com passagem pela agremiação em 2011 e 2012. A aposta para um resultado melhor foi a união do trabalho de Louzada com o de Edson Pereira, também carnavalesco da Unidos de Padre Miguel que conseguiu o vice campeonato da Serie A em um desfile fantástico sobre Ariano Suassuna.

“O Brasil de La Mancha: Sou Miguel, Padre Miguel. Sou Cervantes, Sou Quixote – Cavaleiro, Pixote Brasileiro” trará um desfile fazendo um paralelo entre a obra de Miguel de Cervantes e as aventuras do povo brasileiro que enfrentam “gigantes” a cada momento da vida. O comando do carnaval muda e seria bom a bateria também mudar. Há muito não se vê seus ritmistas entre os melhores do carnaval durante a apuração.

Com uma linha a menos de samba que a Grande Rio, suas 41 linhas são muito bem distribuídas na melodia. No primeiro refrão vemos a citação do hino nacional “Verás que um filho teu/não foge à luta! (Não)”. Entra na historia de Dom Quixote mesclando com semelhança ao brasileiro, na segunda do samba, inclui o torcedor da Mocidade e a própria escola nos versos “Lavando a alma da ‘Mocidade’/Lançando ‘jatos’ de felicidade/Vencer mais um gigante/nessa história desleal/Numa ofegante epidemia/que se chama carnaval”, fazendo alusão a fazer um desfile com garra a ponto de vencer a competição entre as agremiações. 4º lugar para a Mocidade.

Unidos da Tijuca – A parceria de Dudu Nobre se mostrando um ótimo compositor de samba enredo, com o presidente da Viradouro, Gustavo Clarão, e o intérprete também da Viradouro, Zé Paulo, foi a vencedora da disputa desse ano. “Semeando Sorriso, a Tijuca festeja o solo sagrado” trará uma homenagem à cidade de Sorriso, Mato Grosso, considerada a capital brasileira do agronegócio com a maior produção de soja do país. Exaltando a vida do trabalhador do campo e a relação do homem com a terra. Quase como a Vila Isabel trouxe seu enredo em seu ultimo campeonato. Mauro Quintaes continuará seu trabalho diante da agremiação e tem o árduo trabalho de fazerem os tijucanos desapegarem de Paulo Barros. Fez um ótimo desfile em 2015, apesar de ter ficado um pouco confuso no desenrolar do enredo durante o desfile.

O inicio do samba é marcado por um refrão que exalta a Mãe Natureza e relembra “O Dono da Terra”, enredo marcante da Tijuca de 1999, conseguindo notas máximas em todos os quesitos no antigo Grupo de Acesso A. Que, segundo o samba, é a inspiração para a preservação da natureza. Na primeira do samba temos a criação do homem por Deus, esculpido em barro. Passa pela relação homem-terra, entrelaçando a comunidade do Borel, e chega à agricultura. A saga tortuosa do agricultor em arar, plantar e colher em devoção mesmo com seu esforço e suor. A figura esgotada do homem em paralelo a delicadeza de uma plantação. No segundo refrão temos a forma relaxante de estar no campo, com a viola ditando o tom das canções sertanejas a luz do luar, enquanto ele roga a Deus para que a colheita seja proveitosa.

A segunda é majoritariamente em tons mais altos pra retornar à primeira do samba que é em tons baixos e mais constantes. Diz que fertilizar a terra é arte do homem que protege o solo. Exalta a capacidade do solo brasileiro para a produção agrícola e traz um jogo de palavras com o nome da cidade homenageada em “O meu negocio é isso, seu moço/’Sorriso’ no rosto/Por ese meu mundão rural”. É belo, com certeza trará muito verde para o desfile assim como muito o que há de se relacionar com plantação. Mas a parte da cidade ser uma das maiores produtoras de soja pode acabar se perdendo no visual do desfile se não atentarem à divisão de foco. Está em 8º lugar no meu ranking.

São Clemente – O segundo ano de Rosa Magalhães, a frente da representante da zona sul no Grupo Especial, tende a ser melhor que o último. Isso porque no último ano a maioria dos radialistas no dia do desfile cotava a São Clemente como uma das favoritas a voltar no sábado das campeãs. O que não ocorreu provavelmente por peso de bandeira pois vimos uma São Clemente que não se via desde “E o samba, sambou”. Veio até com bastante chão. Algo difícil de ser ver na escola como era bem mais difícil ver componentes da Imperatriz cantando o samba da agremiação.

“Mais de Mil Palhaços no Salão”, título do enredo inspirado na marcha Mascara Negra, de Zé Keti, trará consigo a dicotomia do sagrado e da alegria, na Idade Média, quando o riso era considerado algo pagão. Teremos a origem dos circos e seu desenvolvimento ate a sua estrutura conhecida hoje, com picadeiro. Daí o palhaço assume o papel de levar a diversão ao público e também se torna símbolo de manifestações, como na época dos caras-pintadas. Abordagem política com irreverência, o espírito clementiano de sempre.

Com mudanças no microfone, a São Clemente substitui Igor Sorriso por Leozinho Nunes que também tem um timbre de voz muito parecido com o cantor que agora está na Vila Isabel. O samba é narrado por um espectador que somente observa e descreve as atitudes do palhaço. No segundo refrão ele assume a forma de um para mostrar como o anima o picadeiro. Na segunda do samba o narrador abandona a figura do palhaço, não mais o descreve e assume a forma de um cidadão brasileiro, que se equilibra sempre como um saltimbanco nas adversidades da vida, critica as marmeladas e os “faz-me-rir” que são evidentes do país e resgata a pergunta ” E o palhaço o que é? É ladrão de mulher”, bordão circense, mas tem samba no pé, é a doce ilusão de criança, emoção. A concepção do enredo é sensacional. Mas talvez fique de difícil leitura aos jurados. Ou para alguns. Daqueles que sempre saem com uma justificativa insana, como criticar as frigideiras da Santa Cruz, quando a escola não trouxe nenhuma ao desfile. A melodia poderia ser um pouco mais elaborada, mas a letra é belíssima e romântica. São Clemente fica em 5º lugar.

Portela – “No voo da Águia, uma viagem sem fim…” será um desfile bem moderno. Paulo Barros, que estava na Mocidade, assume o carnaval da Água Altaneira. Nos levará a um tour pela história da humanidade. No embalo da Portela, veremos a rotina de viagens, expansão de fronteiras, etc. Ainda teremos um mix de realidade e imaginação pela inquietude do homem que encara desafios e nunca desiste. Cria um mundo virtual para poder estar em todos os lugares, conectado a tudo. Um chuva de informações dentro de um enredo.

Muita informação, com pouca objetividade, pode trazer alguns problemas em trazer a concepção do enredo para o visual. Não sei se por causa da gravação, mas tem algo no samba que não me agradou tanto quanto o dos últimos 4 carnavais da Portela. Talvez pela maioria dos versos terem melodia parecida e modificar somente no refrão ou na entrada deles. Creio que o samba ainda crescerá mais na Avenida com Wantuir e Gilsinho. Dou o 7º lugar.

Mangueira – Em 2015, a verde e rosa já havia feito um belo samba sobre as mulheres. Neste ano, fez um samba excelente sobre uma mulher, apenas. Maria Bethânia será a homenageada. “Maria Betânia: A Menina dos Olhos de Oyá”, desenvolvido por Leandro Vieira, é pura poesia cantada. Mais um samba em primeira pessoa. Podemos perceber a própria Bethânia narrando sua história. Com a voz de Ciganerey no comando, é certo que o samba vai manter-se firme até o fim. O samba se desenvolve com cronologia linear. A vida de Bethânia, seu sincretismo e sua carreira na música.

O carnavalesco Leandro estreia no Grupo Especial após ter elaborado o desfile da Caprichosos de Pilares em 2015, conseguindo o 7º lugar em um desfile que criticava a capitalização do carnaval. Em contraste a uma colocação na Série A considerada regular, temos a verde e rosa, que sofreu no ano passado com a 10ª colocação, a frente apenas da rebaixada Viradouro e a Vila Isabel. Vamos ver se o samba será tão bem representado visualmente e vice-versa. Na minha opinião, Mangueira merece o 2º lugar nos melhores sambas.

Imperatriz – 2015 foi um ano em que se esperava mais da escola de Ramos. Um 6º lugar com um dos melhores sambas do Grupo Especial, não agradou. Porém, a escola pecou em muitos aspectos. Um dos aspectos que não agradava mais a diretoria foi a bateria. Para um desempenho melhor, apostam em Mestre Lolo, vindo da União do Parque Curicia e que facilmente pode ser considerado um bom mestre. Mas teremos de ver o desempenho dos seus componentes em 2016 para podermos fazer tal afirmação. Também houve troca na voz. Sai Nêgo, que foi para a Leão de Nova Iguaçu, entra Marquinho Art’Samba, vindo da Unidos de Padre Miguel. Atentem os ouvidos a essa voz. É muito boa. Segura o samba do início ao fim.

“É o amor…que mexe com a minha cabeça e me deixa assim… Do sonho de um capira nascem os filhos do Brasil”, é o extenso nome do enredo da Imperatriz. O que Cahê Rodrigues prepara ao público é uma homenagem a Zezé Di Camargo e Luciano, dois cantores que vieram do sertão do Brasil para o mercado fonográfico e fazem sucesso até hoje. Apesar de serem os homenageados, vejo que o foco do enredo é a música e a vida sertaneja. O modelo de sertão interiorano será o estado de Goiás e Pirenópolis, cidade onde nasceu a família Camargo.

O samba tem 3 refrões, sendo o segundo logo em seguida do primeiro. Além de ser pura poesia é narrado em primeira pessoa também. São 45 linhas. Longo, mas nem um pouco cansativo. A melodia tem suas alternâncias e todas as quebras melódicas são sensacionais tanto quanto a topicalização de alguns termos, que poderiam estar em outro local do verso, mas foram destacados; “Sagrada lida[…]Guardo as lembranças[…]”. Mas o auge do samba, pra explodir no refrão é “Se toda história tem início, meio e fim/A nossa começou assim”. A Imperatriz sempre foi dona de belíssimos sambas e esse ano não será diferente. Com todas as mudanças sofridas, esperamos ver a Imperatriz em um lugar mais alto da classificação. Ou não. Há quem ainda guarde ranços do tricampeonato da escola em 1999, 2000 e 2001. Sendo assim, a Imperatriz leva o 1º lugar dos sambas mais bonitos do Grupo Especial deste ano.

Ranking:

  • Imperatriz Leopoldinense
  • Mangueira
  • Salgueiro
  • Mocidade
  • São Clemente
  • Vila Isabel
  • Portela
  • Unidos da Tijuca
  • Grande Rio
  • Beija Flor
  • Estácio de Sá
  • União da Ilha do Governador

7 Replies to “Análise do CD dos sambas do Grupo Especial 2016”

  1. A “safra” de 2016 não é uma das melhores dos últimos anos, mas também não cehga um dos piores, alterna com bons sambas e alguns “mais ou menos”.

    O da Tijuca é gostoso de se ouvir e de cantar (só prejudicado pela obrigatória menção a cidade-patrocinadora Sorriso).

    E prevejo um canto histórico da comunidade Salgueirense com esta “Ópera dos Malandros”, pois assistindo alguns vídeos de ensaios percebe-se que a comunidade abraçou o samba e promete show.

    São Jorge, já cantado pela Império da Tijuca em 2007 e Acadêmicos do Tatuapé aqui em São Paulo em 2014 (álias emocionante no amanhecer de domingo) pode também funcionar na Sapucaí.

    Segue minha ordem:

    – Unidos da Tijuca
    – Salgueiro
    – Mocidade
    – Estácio de Sá
    – Beija Flor
    – Grande Rio
    – São Clemente
    – Imperatriz Leopoldinense
    – Portela
    – Mangueira
    – Vila Isabel
    – União da Ilha do Governador

  2. Bom, o fato de eu discordar do ranking do Thiago não significa que o texto está ruim. Pelo contrário, uma análise ímpar.

    Mas o meu ranking fica assim:

    *Mangueira
    *Unidos da Tijuca
    *Imperatriz
    *Portela
    *Salgueiro
    *Vila Isabel
    *Mocidade
    *Estácio
    *São Clemente
    *Beija-Flor
    *União da Ilha
    *Grande Rio

  3. Só pra brincar, um ranking informal:

    Atribuindo 12 pontos ao primeiro, 11 ao segundo, 10 ao terceiro…até 1 ponto ao décimo segundo, escolhido, até agora, fica assim:

    Salgueiro – 29
    Unidos da Tijuca – 28
    Imperatriz – 27
    Mangueira – 26
    Mocidade – 25
    Portela – 19
    São Clemente – 18
    Vila Isabel – 16
    Estácio de Sá – 16
    Beija Flor – 14
    Grande Rio – 12
    Ilha – 4

  4. Minha opinião:

    – Imperatriz
    – Salgueiro
    – Tijuca
    – Vila
    – Mangueira
    – Portela
    – Beija-Flor
    – Mocidade
    – Estácio
    – Grande Rio
    – São Clemente
    – Ilha

  5. Meu ranking:

    Salgueiro.
    Portela.
    Unidos da Tijuca.
    Imperatriz.
    Vila Isabel.
    Mangueira.
    Beija-Flor.
    Estácio.
    União da Ilha.
    Grande Rio.
    São Clemente.
    Mocidade.

  6. Na minha opinião o samba da Portela é o melhor entre os 12 sambas do grupo especial e meu Ranking fica assim :
    1º Portela
    2º Imperatriz
    3º Unidos da Tijuca
    4º Mocidade
    5º Beija-Flor
    6º Grande Rio
    7º Salgueiro
    8º Estácio de Sá
    9º União da Ilha
    10º Vila Isabel
    11º Mangueira
    12º São Clemente

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